Segundo o Gartner Inc. , Brain Computer Interface – BCI – abrirá até 2021 o equivalente a 2,9 trilhões de dólares à economia global e aumentará o equivalente a 6,2 bilhões de horas de produtividade do trabalhador global. Afinal o que BCI? Mito ou realidade? Por incrível que pareça BCI hoje já é um realidade que está captando bilhões de dólares dos investidores mundiais. A capa da revista Time de fevereiro de 2011 questionava se com o avanço da tecnologia o homem se tornaria imortal, e previa que em 2045 a inteligência aumentada do homem já seria realizada. Apenas uma década depois, a previsão é que em 2035, segundo Ray Kurtzweil, o super homem já será realidade.
Afinal o que é BCI? De forma bem simples pode-se dizer que BCI é um tipo de interface na qual o usuário gera voluntariamente padrões cerebrais distintos que são interpretados pelo computador como comandos que estão ligados a um aplicativo ou dispositivo.
Historicamente, os neuroprostéticos tem sido o motivo principal para a pesquisa BCI. Isso inclui membros artificiais para amputados, implantes para surdos e estimulação cerebral profunda para indivíduos que sofrem de convulsões. Esses dispositivos já melhoraram a vida de milhões de pessoas e seu amplo uso demonstra os benefícios de se obter uma comunicação bilateral direta entre o cérebro e os dispositivos eletrônicos. No entanto, as possíveis aplicações da tecnologia vão muito além da assistência médica. Mesmo no campo da neuro-prótese, podemos imaginar ir além. Ou seja, podemos aumentar nossas habilidades além dos níveis cognitivos normais. Como por exemplo, criar olhos artificiais que são capazes de resolução muito maior do que os olhos humanos, uma capacidade de aumentar ou diminuir o zoom e ver no espectro UV (ultravioleta) ou IR (infravermelho).
As possibilidades ficam ainda mais interessantes quando se considera a cognição e a formação de habilidades. Um estudo recente demonstra que estimular certas partes do cérebro melhora a formação e a recuperação da memória. Outras experiências conseguiram implantar artificialmente memórias em animais. Como exemplo, pode ser possível aplicar os métodos desses estudos para melhorar sua capacidade de aprender rapidamente um instrumento. Ou talvez, seja possível, combinar vários neuroestimuladores e sensores para desenvolver uma “unidade de processamento aritmético” que possa detectar quando determinadas áreas do cérebro associadas ao raciocínio matemático ou lógico são ativadas e se comunica com elas para aprimorar as habilidades.
É em busca desse aumento cognitivo que Elon Musk e Neuralink desejam seguir. De acordo com Musk e muitos dos principais teóricos da IA, uma barreira fundamental no progresso intelectual da humanidade em relação à IA é o problema da largura de banda: embora os computadores e a IA estejam se tornando cada vez mais rápidos e capazes de processar e gerar conhecimento, enfrentamos limitações imediatas e fundamentais em nossa capacidade para fazer o mesmo. Adquirimos informações principalmente por meio de nossos sentidos e da nossa capacidade de interpretar a linguagem. No tempo em que seus olhos e o córtex visual levam para ler e entender uma única frase, um computador pode digitalizar milhares de páginas de texto. É concebível que, em algumas décadas, possamos ter IA avançada rodando em hardware neuromórfico especializado, com modelos incrivelmente precisos de como o mundo funciona e uma capacidade de analisar e entender milhões de documentos em minutos, tomando decisões e inferências que estão muito além da humana compreensão.
Em um mundo cada vez mais dependente da tomada de decisões conduzida pela IA, os humanos podem se tornar obsoletos em todas as partes do processo de tomada de decisões empresariais, científicas e políticas. Nossos cérebros não evoluíram para jogar xadrez com trilhões de peças ou compreender estratégias calculadas que planejam milhões de movimentos à frente. É o medo dessa caixa preta super-inteligente que motiva grande parte do trabalho atual da Neuralink,Kernel e várias outras organizações relacionadas.
A maioria das pesquisas de ponta em tecnologia BCI busca maximizar a largura de banda de informações, geralmente por meio de métodos invasivos que implantam eletrodos diretamente no cérebro ou nos nervos. No entanto, métodos não invasivos, especificamente eletroencefalografia (EEG) e eletromiografia (EMG), são rotineiramente utilizados com considerável sucesso.
Isso envolve a colocação de eletrodos na superfície da cabeça (EEG) ou na pele acima dos músculos (EMG) para medir a atividade elétrica cumulativa por baixo. A granularidade desses dados é baixa e está muito distante do nível de precisão e largura de banda que serão necessários para alcançar os objetivos mais ambiciosos da pesquisa da BCI. No entanto, os BCIs habilitados para EEG / EMG alcançaram feitos incríveis, como controlar drones, videogames e teclados com o pensamento, e fornecem uma pequena visão das possibilidades que novas pesquisas podem desbloquear.
Uma equipe de pesquisadores da Universidade Carnegie Mellon, em colaboração com a Universidade de Minnesota, fez um avanço no campo do controle não invasivo de dispositivos robóticos. Usando uma interface não invasiva cérebro-computador (BCI), os pesquisadores desenvolveram o primeiro braço robótico controlado pela mente, bem-sucedido, exibindo a capacidade de rastrear e seguir continuamente o cursor do computador.
No mundo que vivemos, informação e conhecimento estão alterando a natureza daquilo que conhecemos. São milhares de informações por segundo atualizadas pelos cliques do bilhões de celulares interconectados. O mundo acontece a cada segundo. Basta abrir o Twitter ou Instagran, ou qualquer rede social, que você saberá o que está acontecendo AGORA. Quem está na ativa e quer continuar na ativa, ou almeja atingir novos patamares, sabe que o sucesso é amplamente baseado no que você sabe. Saber pode te aproximar ou te afastar dos seus objetivos de vida. Mas como garantir que estas milhões de informações processadas poderão ser usadas quando for necessário?
Muitas pessoas querem aprender melhor e mais rapidamente, reter mais informações e poder aplicar esse conhecimento no momento certo. A realidade é que esquecemos mais do que aprendemos. No final do século XIX, Herman Ebbinghaus, psicólogo alemão, foi o primeiro a abordar sistematicamente a análise da memória. Ebbinghaus disse uma vez: “Com um número considerável de repetições, um espaçamento no tempo de um determinado aprendizado é decididamente mais vantajoso para retenção do que um conteúdo intensivo ao mesmo tempo”. O que Ebbinghaus queria dizer era que o esquecimento dependia de uma série de fatores tais como o grau de dificuldade do conteúdo a ser aprendido, os fatores fisiológicos como o estresse e o sono. Além disso, o cientista também identificou que o fator de esquecimento variava pouco entre as pessoas. E, concluiu que a retenção dependia de habilidades mnemônica de cada pessoa. Estas habilidades poderiam ser treinadas para minimizar as diferenças em parte, pois, a melhor forma de memorizar era: 1) aumentar as representações na memória aprendendo as técnicas mnemônicas, e 2) repetição, repetição, repetição, especialmente com espacejamento de tempo. A revisão do aprendizado nas 24 horas após a primeiro contato com o conteúdo reduz o nível de esquecimento. A curva de esquecimento de Ebbinghaus, explica o declínio da retenção de memória no tempo e contribuiu para o campo da ciência da memória, registrando como o cérebro armazena informações.
O esquecimento humano segue um padrão. De fato, pesquisas mostram que em apenas uma hora, se nada for feito com novas informações, a maioria das pessoas terá esquecido cerca de 50% do que aprendeu. Após 24 horas, esse valor aumenta para 70% e, se passar uma semana sem que essas informações sejam usadas, até 90% delas poderão ser perdidas.
Para melhorar a aquisição e retenção de conhecimento, novas informações devem ser consolidadas e armazenadas com segurança na memória de longo prazo.
De acordo com Robert Bjork, PhD, professor de psicologia cognitiva da UCLA que trabalhou em uma teoria do esquecimento junto com Piotr Wozniak, pesquisador polonês mais conhecido por seu trabalho no SuperMemo (um sistema de aprendizado baseado na repetição espaçada), a memória de longo prazo pode ser caracterizada por dois componentes: capacidade de recuperação e capacidade de armazenamento. A capacidade de recuperação mede a probabilidade de você se lembrar de algo agora ou saber o quanto esta memória esta perto da superfície da sua mente. A capacidade de armazenamento mede a profundidade da raiz da memória.
Se queremos que nosso aprendizado continue, precisamos fazer mais do que apenas ler um livro toda semana ou ouvir passivamente um audiolivro ou podcast. Em vez disso, releia os capítulos que você não compreendeu pela primeira vez, escreva ou pratique o que aprendeu na semana anterior antes de continuar no próximo capítulo ou lição ou faça anotações, ou busque práticas que funcionem para você. Se você está se esforçando para lembrar, volte nas suas anotações para consultar. Este esforço de se lembrar das informações passadas, consolida o novo conhecimento em sua mente.
Pesquisas indicam que quando uma memória é registrada pela primeira vez no cérebro – especificamente no hipocampo – ela ainda é “frágil” e facilmente esquecida. Além disso, nosso cérebro está constantemente gravando informações temporariamente para separar informações vitais da confusão – trechos de conversas que você ouve no caminho para o trabalho, coisas que vê, o que a pessoa à sua frente estava usando, discussões no trabalho etc. o cérebro descarta tudo o que não é necessário o mais rápido possível para abrir caminho para novas informações. Se você quiser se lembrar ou usar novas informações no futuro, precisará deliberadamente armazená-las em sua memória de longo prazo.
Armazenar conhecimento na memória de longo-prazo se chama CODIFICAÇÃO. Sem a codificação adequada, não há nada para armazenar e as tentativas de recuperar a memória posteriormente falharão. Em um relatório da Universidade de Waterloo que analisa como esquecemos, os autores argumentam que, quando você se lembra deliberadamente de algo que aprendeu ou viu há pouco tempo, aumenta a intensidade de determinados hormônios no hipocampo, sinalizando para esta área do cérebro que a informação é importante. Quando a mesma informação é repetida, seu cérebro diz: ‘Ah, aí está novamente, é melhor eu manter isso.’ Quando você é exposto à mesma informação repetidamente, leva cada vez menos tempo para ‘ativar’ as informações na memória de longo prazo e fica mais fácil recuperar as informações quando você precisar. ”
Algumas técnicas para melhorar o grau de aprendizado e retenção:
1 – A repetição espaçada
Para estudar para uma prova aguardada a melhor forma de reter as informações é aprender um pouquinho sobre a matéria todos os dias. De preferência, revendo o que estudou anteriormente sempre que for estudar novamente. A repetição espaçada aproveita um fenômeno da memória que diz que o cérebro retém melhor as informações quando separamos as informações ao longo do tempo. Aprender algo novo expulsa informações antigas, e é necessário tempo para permitir para que a nova conexão neural se solidifique.
2 – A regra 50/50
Dedique 50% do seu tempo para aprender algo novo e 50% para compartilhar ou explicar o que aprendeu para alguém ou seu público.Pesquisas mostram que explicar um conceito para outra pessoa é a melhor maneira de aprendê-lo. Por exemplo, em vez de concluir um livro, tente ler somente a metade e tente se recordar, compartilhar ou escrever as ideias principais antes de prosseguir. Ou melhor ainda, compartilhe esse novo conhecimento com alguém.
Você pode até aplicar a regra 50/50 a capítulos individuais, em vez de ao livro inteiro. Esse método de aprendizado funciona muito bem se você deseja reter a maior parte do que está aprendendo. O teste final do seu conhecimento é a sua capacidade de transferi-lo para outra pessoa.
3 – Demonstrações
Ao contrário de simplesmente ler ou ouvir uma explicação, as demonstrações práticas mostram como algo funciona e ajudam a visualizar o conceito ou o aprendizado. Ao aprender fotografia, design, falar em público, negociação ou uma nova tecnologia útil, assistir a vídeos instrutivos que demonstram o que você está tentando aprender pode melhorar sua taxa de retenção.
4 -Sono
Por fim, use o sono como uma ajuda poderosa entre as sessões de aprendizado. Dormir depois de aprender é uma parte crítica do processo de criação de memória e dormir antes de aprender fortalece sua capacidade. As pesquisas científicas mostram que os cochilos ajudam a reforçar as conexões neurais. Durante o sono são realizadas os processos de consolidação, que, uma vez acionados, permanecem eficazes mesmo que o sono seja interrompido logo após. Cochilos mais longos (mais de 60 minutos) também são ótimos para armazenar novas informações em nossa memória longo-prazo. Uma boa noite de sono é ainda melhor para recuperar a memória e pensar com clareza. Quanto mais a mente é usada, mais robusta ela pode se tornar. Assumir o controle do armazenamento de informações não apenas ajudará a reter novas informações, mas também reforçará e aperfeiçoará o conhecimento que você já possui.
https://imaginarsolutions.com.br/wp-content/uploads/2015/02/logo-wide.png00solangehttps://imaginarsolutions.com.br/wp-content/uploads/2015/02/logo-wide.pngsolange2019-11-24 15:10:472019-11-24 15:10:47IMAGINAR NEWLETTER: COMO MELHORAR SUA MEMÓRIA
Nova York, NY – 11 de novembro de 2019 – Um aspecto importante da memória humana é nossa capacidade de recuperar momentos específicos da vasta gama de experiências que ocorreram em uma determinada situação. Por exemplo, se você for solicitado a recomendar um itinerário turístico para uma cidade que você visitou muitas vezes, seu cérebro de alguma forma permite que você se lembre e escolha seletivamente memórias específicas de suas diferentes viagens para fornecer uma resposta.
Estudos demonstraram que a memória declarativa – o tipo de memória que você pode lembrar conscientemente como o seu endereço residencial ou o nome de sua mãe – depende de estruturas saudáveis do lobo temporal medial no cérebro, incluindo o hipocampo e o córtex entorrinal (CE). Essas regiões também são importantes para a cognição espacial, demonstrada pela descoberta ganhadora do Prêmio Nobel de “células de lugar” e “células de grade” nessas regiões – neurônios que se ativam para representar locais específicos no ambiente durante a navegação (semelhante a um GPS) . No entanto, não ficou claro se ou como esse “mapa espacial” no cérebro se relaciona com a memória de eventos de uma pessoa nesses locais e como a atividade neuronal nessas regiões nos permite direcionar uma memória específica para recuperação entre experiências relacionadas.
Uma equipe liderada por neurocientistas da escola de Engenharia da Universidade de Columbia encontrou as primeiras evidências de que existem neurônios individuais no cérebro humano que têm como alvo memórias específicas durante uma lembrança. Eles estudaram as ativações neuronais feitas em pacientes que tiveram eletrodos implantados em seus cérebros e examinaram como os sinais cerebrais dos pacientes correspondiam ao seu comportamento enquanto realizavam uma tarefa de memória de localização de objetos de realidade virtual (VR). Os pesquisadores identificaram “células de rastreamento de memória”, cuja atividade foi sintonizada espacialmente no local em que os indivíduos se lembraram de encontrar objetos específicos. O estudo foi publicado na revista Nature Neuroscience.
“Encontramos esses neurônios de rastreamento da memória principalmente no córtex entorrinal (CE), que é uma das primeiras regiões do cérebro afetadas pelo aparecimento da doença de Alzheimer”, diz Joshua Jacobs, professor associado de engenharia biomédica, que dirigiu o estudo. “Como a atividade desses neurônios está intimamente relacionada ao que uma pessoa está tentando lembrar, é possível que sua atividade seja interrompida por doenças como a doença de Alzheimer, levando a déficits de memória. Nossas descobertas devem abrir novas linhas de investigação sobre como a atividade neural no córtex entorrinal e no lobo temporal medial nos ajuda a direcionar eventos passados para recordação e, mais geralmente, como o espaço e a memória se sobrepõem no cérebro. ”
Desenho conceitual dos neurônios que criam um mapa na memória humana (Salman Qasim/Columbia Engineering]
A equipe foi capaz de medir a atividade de neurônios individualmente aproveitando uma oportunidade rara: gravar invasivamente os cérebros de 19 pacientes neurocirúrgicos em vários hospitais, incluindo o Centro Médico Irving da Universidade Columbia. Os pacientes tinham epilepsia resistente a medicamentos e, portanto, já tinham eletrodos de gravação implantados em seus cérebros para o tratamento clínico. Os pesquisadores projetaram experimentos como jogos de computador VR envolventes e os pacientes acamados usavam laptops e controladores de mão para se moverem em ambientes virtuais.A equipe mediu a atividade dos neurônios enquanto os pacientes se moviam pelo ambiente e marcavam seus alvos de memória. Inicialmente, eles identificaram neurônios espacialmente ajustados, semelhantes a “células de lugar” que sempre eram ativadas quando os pacientes se moviam por locais específicos, independentemente do alvo de memória dos sujeitos. “Esses neurônios pareciam se importar apenas com a localização espacial da pessoa, como um GPS, ”Diz Salman E. Qasim, aluno de doutorado de Jacobs e principal autor do estudo.
A importância desta descoberta é saber que os neurônios do cérebro humano rastreiam as experiências que estamos voluntariamente recordando e podem mudar seus padrões de atividade para diferenciar as memórias. Eles são exatamente como os pinos no seu mapa do Google que marcam os locais que você lembra de eventos importantes. Essa descoberta pode fornecer um mecanismo potencial para nossa capacidade de chamar seletivamente diferentes experiências do passado e destacar como essas memórias podem influenciar o mapa espacial do nosso cérebro”.
https://imaginarsolutions.com.br/wp-content/uploads/2015/02/logo-wide.png00solangehttps://imaginarsolutions.com.br/wp-content/uploads/2015/02/logo-wide.pngsolange2019-11-17 11:04:502019-11-17 11:04:50Como as memórias de locais são guardadas no cérebro
Robert Dilts (2014), em seu artigo sobre os níveis neurológicos inspirado em Gregory Bateson (Steps to an Ecology of Mind), define um modelo de como as nossas crenças influenciam e modelam nossas relações e interações com o mundo ao nosso redor. Com o modelo de Dilts começamos a entender como esse intricado mecanismo cérebro, corpo e capacidades funciona e abrimos novas fronteiras para o autoconhecimento, que é o passo inicial da mudança de mindset. Gregory Bateson identificou cinco níveis lógicos de aprendizado ou de autoconhecimento.
Nível 0 – Reação reflexiva comportamental a um estímulo ambiental.
Nível I – Ajuste ou melhora em um comportamento devido a um refinamento de uma representação interna.
Nível II – Mudança em uma abordagem comportamental por causa de uma reinterpretação do contexto.
Nível III – Mudanças em todo o sistema de crenças e valores.
Nível IV – Sair do sistema e migrar para um sistema de sistemas. É necessária uma mudança de identidade.
A identidade de uma pessoa é moldada e está refletida no conjunto de crenças e valores. Cada crença e valor, por sua vez, está relacionado com um grupo particular de capacidades. As capacidades estão associadas com determinados comportamentos e, os comportamentos são ligados a um conjunto de condições ambientais.
Neurologicamente, nossas percepções são formadas a partir dos estímulos que recebemos do AMBIENTE e que são captadas pelos nossos órgãos sensoriais e pelo sistema nervoso periférico. É graças a este sistema que o cérebro e a medula espinhal recebem e enviam as informações permitindo-nos reagir às diferentes situações que têm origem no meio externo ou interno. O COMPORTAMENTO está relacionado especificamente com ações e reações que temos quando nos relacionamos com pessoas e o ambiente. As CAPACIDADES são as estratégias mentais que possibilitam desenvolver comportamentos específicos. Enquanto alguns comportamentos são respostas reflexivas aos estímulos externos, outras ações não são. VALORES e CRENÇAS estão relacionados com julgamentos e avaliações de nós mesmos, dos outros e do mundo ao nosso redor. É a nossa essência. O porquê. Neurologicamente, as crenças estão ligadas ao sistema límbico e ao hipotálamo. O sistema límbico está associado com as emoções e a nossa memória de longo-prazo. Por serem estruturas mais primitivas e mais profundas no nosso cérebro, elas são responsáveis por respostas inconscientes. A IDENTIDADE está relacionada com o nosso sentido de ser. É a percepção de quem somos que organiza as nossas crenças, capacidades e comportamentos em um único sistema. O nível ESPIRITUAL nos dá o sentido de fazer parte de algo muito maior, mais profundo e que está além da nossa compreensão
Este sistema intrincado e integrado entre cérebro e corpo indica a dimensão e a intensidade de esforço necessário para fazer mudanças de hábitos mentais. Mudar mindset. Dói profundamente fazer mudanças na forma como pensamos. Se as crenças que temos sobre nós mesmos e sobre o mundo não forem alteradas não conseguimos mudar capacidades e comportamentos. Pois, segundo a hierarquia de Dilts são as crenças que motivam ou inibem as nossas capacidades e comportamentos.
Como neurologicamente, as nossas crenças estão ligadas ao sistema límbico que é inconsciente, temos um desafio grande. Podemos perceber o sentimento decorrente da nossa emoção. Porém, não temos controle sobre as emoções. Para mudar o nosso mindset temos que ter consciência sobre as nossas crenças. O que não é fácil! Para isto, precisamos nos autoconhecer, perceber como pensamos, como nos comportamos e como reagimos a determinados estímulos externos e internos.
O neurobiologist Bruce Lipton compare o nosso inconsciente com um computador. Tudo aquilo que tiver sido gravado pode ser repetido continuamente assim que você apertar uma tecla. E esta tecla, assim como vimos nos níveis de Dilts é acionado pelo estímulo que vem do ambiente. Por exemplo, se estamos esperando por uma pessoa e ela se atrasa, automaticamente acionamos o botão de cenas anteriores, como por exemplo, “ela não virá!”. Algumas pessoas não conseguem perceber estes programas do nosso computador inconsciente. Estas memórias inconscientes foram gravadas ainda muito cedo em nossos vidas. Algumas até durante o período fetal, relativas as experiências que a sua mãe vivenciou durante a gravidez.
Até aproximadamente os cinco ou seis anos de idade, as gravações inconscientes são feitas sem análise ou questionamento, e são oriundas das experiências vivenciadas com os pais, comunidade e dos ambientes onde frequenta. para se ter uma idéia da capacidade do nosso inconsciente, Dr. Bruce Lipton em seu livro a Biologia da Crença, afirma que a memória insconsciente processa algo em torno de 20.000.000 bits de informação por segundo. Enquanto o consciente, processa algo em torno de 40 bits por segundo. Ou seja, o inconsciente tem a capacidade de processar 500.000 vezes mais que o nosso consciente. Esta conta matemática já demonstra claramente a origem do nosso pensamento, ou a origem de quem realmente somos: seres inconsciente com pretensão de sermos consciente!!!
https://imaginarsolutions.com.br/wp-content/uploads/2015/02/logo-wide.png00solangehttps://imaginarsolutions.com.br/wp-content/uploads/2015/02/logo-wide.pngsolange2019-11-10 22:08:472019-11-10 22:08:47Mindset: crenças e descrenças…
Estamos prestes a aumentar exponencialmente capacidade humana. Primeiro identificando e conectando os supercapacitados que ainda não possuem acesso às ferramentas de desenvolvimento. Segundo, conectando o córtex humano à nuvem, para amplificar a inteligência humana amplificando a inteligência humana com as interfaces de banda larga conhecidas como Brain-Computer Interfaces (BCI).
Tudo indica que as previsões do futurista, cientista e diretor de tecnologia do Google, Ray Kurtzweil estão cada dia mais próximas de se tornarem realidade. Durante uma Conferência em Nova York (02/06/2015), Kurtzweil explicou que o cérebro humano irá se ligar diretamente à nuvem com milhares de computadores, via nanobots, minúsculos robôs de escala manométrica, feitos de cadeias de DNA. Isto irá aumentar drasticamente a inteligência. Quanto maior e mais complexa essa nuvem, mais avançado será o nosso pensamento, o qual será um híbrido de biológico e não biológico. Em 2040, Kurzweil acredita que o pensamento será predominantemente não-biológico.
Examinando com mais detalhes as redes de cérebros superdotados vemos que seguindo as métricas de Stanford-Binet que medem o QI das pessoas, somente 1% da população se qualifica entre os superdotados. ou seja poderíamos admitir que temos perto de 75 milhões de pessoas que se qualificariam. A pergunta correta é quantos destes poderiam causar um impacto global?
O que o mundo da inteligência híbrida está prevendo, é que nos próximos 6 anos, com a entrada da 5G e as redes de satélites, teremos 4 bilhões de novas mentes se conectando globalmente. Aqui vale o parêntese para lembrar o fenômeno provocado pelo surgimento das casas de café do século 17, que como Peter Diamandis descreve no seu livro The future is faster than you Think está prestes a se repetir com o advento da conexão em rede de cérebros. A primeira casa de café surgiu em Londres em 1652 – Pasquá-Rosée Dez anos mais tarde já existiam 80 casas de café e no século 18 já e contavam mais de 500 casas de café, que eram recintos onde somente os homens podiam frequentar. Nestes ambientes eram discutidos os assuntos intelectuais que visavam a razão e o individualismo em oposição à tradição. E foram destes ambientes reservados é que surgiram as raízes do Iluminismo que foi o hub de inovação que impulsionou o progresso tecnológico da época.
As grandes metrópoles seguem o mesmo modelo com concentrações de pessoas que se unem para fazer troca de informações. Fenômeno conhecido como polinização cruzada nos processos de inovação. Imagine quando todo o globo tiver conectado!!! O tamanho, a densidade e fluidez desta rede irão criar com a entrada de pelo menos mais 4 bilhões de pessoas o MAIOR LABORATÓRIO de INOVAÇÃO que já existiu.
O segundo fator de impulsionamento será a ligação do córtex humano às nuvens. O avanço e aprofundamento da neurociência está permitindo que se entenda cada vez mais como se pode atingir o nível de FLOW. Que segundo Mihaly Csikszentmihalyi, cientista e pesquisador que em 1975, definiu como FLOW o estado mental no qual se atinge criatividade, aprendizado, motivação e conciência plena. Estes conhecimentos permitirão amplificar enormemente as capacidades humanas.
Empreendedores como Elon Musk, com a empresa Neuralink, ou Bryan Johnson com a Braintree, estão investindo centenas de milhões de dólares para desenvolver os implantes cerebrais. O objetivo destes investimentos não é a competição entre o homem e a máquina. E sim, expandir a inteligência humana fundindo as duas capacidades.
A última fronteira a ser ultrapassada é a memória. As experiências bem sucedidas com implantes em pacientes de epilepsia, feitas pelos pesquisadores Dong Song and Theodore W. Berger da USC e pelos pesquisadores Robert Hampson and Sam Deadwyler da Wake Forest University, para expandir a capacidade de cognição e retenção já mostram resultados animadores. Song e seu time desenvolveram um modelo matemático que emula o funcionamento do hipocampo, que é o banco de dado do nosso cérebro responsável pela formação de memórias de longo prazo. O experimento realizado em centenas de vezes em 20 pacientes com epilepsia resultou em um aumento de 30% nas funções de memórias. Este resultado abre novas fronteiras para cura de doenças como Alzheimer assim como caminha na expansão da capacidade cognitiva humana. Resultado: mais INOVAÇÃO acessível para empresas e desafios globais….
https://imaginarsolutions.com.br/wp-content/uploads/2015/02/logo-wide.png00solangehttps://imaginarsolutions.com.br/wp-content/uploads/2015/02/logo-wide.pngsolange2019-11-03 21:48:562019-11-03 21:48:56Imaginar Newsletter: Inteligência híbrida – a nova fronteira para INOVAÇÃO?
É preciso ter coragem no século 21!! O mundo ainda é jovem!
Aos 81 anos, Domenico de Masi (Ócio Criativo) , acaba de publicar um livro chamado “O mundo ainda é jovem”. No livro o Professor emérito de sociologia do trabalho na Università “La Sapienza” de Roma fala do mundo do século 21 e a necessidade de se ter coragem.
“Para se opor à arrogância, é necessária uma coragem inflexível; para educar a ignorância, é necessária coragem missionária; para erradicar a burocracia, precisamos de uma coragem irônica; administrar a democracia requer coragem organizada”
A tecnologia muda nosso senso de tempo e espaço. Se, com 18 séculos de diferença, Augusto e Napoleão quisessem cobrir a rota entre Roma e Paris, ambos teriam levado uma semana, pelo menos. Hoje, leva apenas algumas horas. Anos atrás, ninguém imaginaria que alguém poderia ir do centro do Rio para o centro de São Paulo em minutos; hoje, graças ao avião, isso é possível. Mas não há apenas o avião: há a ciência da computação com a qual o mundo inteiro está se transformando em uma única ágora, um único quadrado em que tele-aprendemos, tele-trabalhamos, tele-amamos, tele-divertimos. Além disso, o século 21 será marcado pela engenharia genética com a qual superaremos muitas doenças, pela inteligência artificial com a qual substituiremos muito trabalho intelectual, pelas nanotecnologias com as quais os objetos se relacionarão entre si e conosco, a partir das impressoras 3D, com as quais construiremos casa, objetos. Em breve, seremos capazes de produzir carne de frango e de porco sem matar animais, a partir de suas células. Duas empresas monopolizarão todas as sementes necessárias para a agricultura mundial.
Coragem é um conceito que reflete (reage ao) o medo. É a força necessária para acolher o diferente, domesticar o difícil, desvendar o complexo, decifrar o desconhecido. Para evitar astúcia, é necessária uma coragem sutil; para se opor à arrogância, é necessária uma coragem inflexível; para educar a ignorância, é necessária coragem missionária; seguir o líder requer coragem dedicada; para neutralizar a trivialidade, é necessária uma coragem refinada; para erradicar a burocracia, precisamos de uma coragem irônica; administrar a democracia requer coragem organizada; para ignorar a ofensa, precisamos de coragem magnânima.
Existe uma coragem que exige respeito: a nobreza do herói, o talento do artista, a grandeza do gênio, a segurança do cirurgião, o valor do profissional, a iniciativa empreendedora do empreendedor, a magnanimidade de quem perdoa.
Há uma coragem que desperta surpresa: a bravura do espadachim, a imprudência do andador na corda bamba, a segurança do dançarino, o sangue frio do ladrão, a abnegação do socorrista, a visão do conhecedor, a extravagância do dândi, a negociação imprudente do comerciante, o blefe calculado do jogador de pôquer.
Há uma coragem que exige prudência: a resolutividade do irresponsável, a engenhosidade dos autodidatas, a indiscrição do pedante, a indiscrição do pedante, a indiscrição do temerário, a irreverência dos indisciplinados, a arrogância dos eruditos, o orgulho dos primeiros da classe.
Há uma coragem que merece desprezo: a arrogância do padrinho, a presunção do incompetente, a arrogância dos mais fortes, a imprudência dos ignorantes, o insulto dos ímpios, a face do adulador, a grosseria dos rudes, a insolência do belo, a arrogância dos que chegaram, a arrogância dos eruditos.
https://imaginarsolutions.com.br/wp-content/uploads/2015/02/logo-wide.png00solangehttps://imaginarsolutions.com.br/wp-content/uploads/2015/02/logo-wide.pngsolange2019-10-27 19:22:182019-10-27 19:22:18Imaginar Newsletter: Mundo Digital… precisa ter coragem
O estresse e a inovação: o sistema de ameaça – fight or flight
O estresse não é simplesmente uma resposta emocional. É um processo fisiológico automático que foi desenvolvido ao longo da evolução humana. Este processo fisiológico é ativado todas as vezes que um estímulo externo percebe algo diferente ou que gere uma preocupação. Este alarme interno pode ser ativado por eventos diferentes e de diferentes intensidades. Como por exemplo, uma decisão complicada, uma discussão de um assunto polêmico durante uma reunião de trabalho, um incômodo gerado com a entrada de um novo membro na equipe, uma discussão mais calorosa com um colaborador. Mas também pode ser gerada por eventos mais cotidianos como enfrentar um tráfico congestionado, estar atrasado, ter que enfrentar filas ou conviver com pessoas que você não tem afinidade. Todos estes pequenos eventos podem gerar o que chamamos de estresse. Cada pessoa tem gatilhos diferentes para o estresse. A mesma situação pode causar reações diferentes, dependendo das particularidades de cada pessoa. E, fundamentalmente das experiências emocionais que cada um teve ao longo da vida.
Quando o cérebro, interpreta alguma situação como ameaçadora ou tensa, todo organismo passa a desenvolver uma série de alterações conhecidas por estresse. O estresse pode ser decomposto em 3 etapas. A ameaça, a adaptação e o esgotamento. A ameaça começa com um gatilho externo. Quando a percepção ativa o circuito de ameaça colocando todos os sistemas corporais em estado de prontidão. Ou seja, todo o organismo é mobilizado para um estado de alerta. É como se estivéssemos, há milhares de anos, nas savanas africanas, e percebéssemos a aproximação de um animal predador. Todos os nossos instintos e sentidos seriam ativados para a fuga ou para a luta.
A adaptação é identificada quando o estresse permanece por um tempo maior. Há milhares de anos, depois que o homem primitivo se safou do perigo, as suas funções biológicas e emocionais retornavam para a posição de equilíbrio. Hoje, o homem moderno vive desafios diários, corporativos ou pessoais, que mantém o sistema de ameaça praticamente ativado. Quando o corpo se acostuma com este tipo de tensão ele entra em um período conhecido como adaptação. Se esta segunda fase se tornar crônica, o corpo entra em estado de esgotamento, vulgarmente conhecido como burnout.
A primeira etapa do estresse: a fuga ou a luta (fight or flight)
A reação de ameaça se inicia quando o cérebro recebe um estímulo externo captado por um dos cinco sentidos. Faz a comparação deste estímulo com as memórias arquivadas e conclui que existe uma ameaça no ambiente. Durante esta fase, o Sistema Nervoso Autônomo (SNA) participa ativamente do conjunto das alterações fisiológicas. O SNA é um complexo conjunto neurológico que controla automaticamente todo o meio interno do organismo através da ativação e inibição dos diversos sistemas, vísceras e glândulas. Se por exemplo você escuta um grito. Este estímulo é captado pelos sentidos e chega até a amígdala cerebral – sistema límbico – que é praticamente a central do nosso sistema de segurança. A amígdala envia um sinal para o hipotálamo – parte do SNA – que inicia a produção de hormônios que serão enviados para várias partes do corpo. Os hormônios liberados entram na corrente sanguínea, chegam nas glândulas suprarrenais para secreção do cortisol. É neste momento, que o processo de estresse se inicia.
A sequência das alterações fisiológicas que ocorrem na fase da ameaça estão abaixo relacionadas:
Aumento frequência cardíaca e pressão arterial àsangue impulsionado para a atividade muscular e cerebral,preparando o corpo para FUGIR ou ATACAR
Fígado libera glicose àglicose é energia para os músculos e para o cérebro
Contração do baço àaumentar glóbulos vermelhos para o sangue
Redistribuição sanguínea àsangue direcionado para os músculos e cérebro em detrimento da pele e aparelho digestivo
Dilatação pupilas àaumentar capacidade visual para FUGIR ou ATACAR
Aumento de linfócitos no sangue para preparar os tecidos para possíveis danos por agentes externos agressores
Como se percebe, nesta fase, a parte simpática do sistema nervoso autônomo está ativada. Toda a circulação sanguínea está direcionada para as áreas do corpo ligadas com a ação. Neste estado, a área pré-frontal do nosso cérebro, onde reside a capacidade de pensar e criar está totalmente desativada. O nosso Tico está no comando. Se lembram do Tico? É o sistema 1, que está no comando. Sempre resolvendo as situações usando as informações e conhecimentos do passado. Nesta situação, não há energia para se pensar e muito menos para inovar. Se as empresas começarem a se preocupar com a saúde mental dos seus colaboradores, mantendo ambientes mais saudáveis e menos estressantes, os resultados da inovação seriam bem mais recompensadores.
O Instituto HeartMath, com o qual trabalho desde 2018, mantém pesquisas atualizadas sobre o impacto do estresse na cognição. A pesquisa científica feita na Motorola com um grupo de gestores e engenheiros mostrou que a redução do estresse contribuiu para melhora tanto das condições fisiológicas – satisfação profissional, melhora na qualidade do sono, quanto para melhora de performance.
O American Institute of Stress (AIS) alega que as três principais causas do estresse são o trabalho, o dinheiro e a saúde. Sendo que o próprio estresse afeta a saúde. As pesquisas realizadas pelo AIS em 2017 indicavam que 77% das pessoas percebiam sintomas físicos do estresse no seu dia-a-dia. E, 48%, alegaram que o estresse tinha aumentado nos últimos 5 anos
https://imaginarsolutions.com.br/wp-content/uploads/2015/02/logo-wide.png00solangehttps://imaginarsolutions.com.br/wp-content/uploads/2015/02/logo-wide.pngsolange2019-10-21 02:08:432019-10-21 02:08:43IMAGINAR NEWSLETTER: Estresse e a inovação (1)
Você consegue realmente entender as necessidades do seu consumidor? Empatia para inovação.
A forma como nos relacionamos é um elemento fundamental para sociedades, famílias e todas as atividades em que estamos envolvidos na vida cotidiana. A empatia é um comportamento social que liga pessoas. Porém, o entendimento neurocientífico para compreender a base neural do comportamento social empático e adaptativo é recente. Quando observamos os sinais emocionais de outras pessoas, mesmo sem estar fisicamente envolvidos com a ação, ativamos as mesmas regiões cerebrais associadas com aquele movimento, reação, ou atitude. (Schulte-Rüther et al 2007).
Esta reação automática é chamada de espelho, e foi documentado em uma série de estudos e pesquisas (Lamm et al, 2011; Jackson et al 2006). Este fenômeno é realizados pelos neurônios espelhos, que são células nervosas que são ativadas quando eu vejo outra pessoas fazendo alguma coisa. É como se a pessoa que observa estivesse efetivamente fazendo a ação. Este neurônios estão localizados na área do córtex pré-motor que decodificam e imitam movimentos. Até o momento, as pesquisas não conseguiram isolar os neurônios espelhos envolvidos na dor ou emoção, porém as evidências são claras da sua existência.
Estudos em animais podem nos fazer pensar que sentir empatia é um processo puramente automático. Porém, pesquisas mais recentes demonstram que a empatia é um conjunto de habilidades. E, há evidências de que a empatia pode ser moldada pela experiência e pela cultura. Quando criamos caminhos neurais que se tornam hábitos mentais, estamos moldando as reações automáticas do nosso cérebro. E, é com elas que reagimos empaticamente.
Neurocientistas dos Estados Unidos utilizaram as mais sofisticadas técnicas de ressonância magnética cerebral para tentar descobrir a resposta a esta questão. Eles estavam interessados em encontrar os fundamentos do sentimento da empatia diretamente nos circuitos do cérebro. As imagens dos cérebros dos participantes da pesquisa mostraram padrões similares de atividade neuronal iguais como se fosse a própria pessoa sentindo aquelas emoções. Porém, o estudo mostrou que uma pessoa que nunca experimentou, de fato, um sentimento específico, por exemplo ter uma fobia, quando ela observa este sentimento em outra pessoa ela tem dificuldade em ter empatia por meio do mecanismo chamado “espelhamento”. Pois o espelhamento usa a própria experiência anterior para avaliar o sentimento do outro.
Empatia é o que um inovador tem de melhor. Se eu olho os melhores produtos criados pela [Microsoft], eles estão associados com a habilidade de reconhecer as necessidades não atendidas ou não articuladas dos nossos consumidores “(Satya Nadella, CEO da Microsoft)
Nadella, atual CEO da Microsoft, deixou suas intenções de inovação claras desde o primeiro email que ele enviou a todos funcionários em seu primeiro dia como CEO em fevereiro de 2014. “Capacitar todas as pessoas e todas as organizações do planeta para alcançar mais. ” Seu livro“ Hit Refresh ”, publicado em 2017, enfatizou a empatia como o caminho para atingir esse objetivo. Empatia leva ao entendimento e à colaboração, o que ajuda a inovação a avançar na jornada muitas vezes confusa em direção a produtos úteis. Um exemplo desta cultura da empatia, foi contado por Nadella: Uma jovem engenheira recém-chegada da Índia para trabalhar nos US, estava tentando manter próximo o contato com a sua família. Usava o Skype uma vez por semana. Mas a conexão da internet onde seus pais moravam não era boa. E, Swetha Machanavajhala, surda de nascença, tinha dificuldade de ler os lábios de seus pais usando o Skype. Foi desta dificuldade, e desta percepção empática que Swetha integrou ao Skype funcionalidades para minimizar as diferenças entre os times de desenvolvimento.
Pense em algumas das habilidades e atributos não cognitivos específicos que levam a inovações bem-sucedidas – uma compreensão perspicaz do usuário final; conexões colaborativas com colegas em um design integrado; e uma verdadeira abertura ao mundo ao redor. Como se pode perceber na visão dos inovadores, como Satya Nadella e outros, uma habilidade fundamental para os inovadores, é a empatia. Com ela se pode olhar o mundo na perspectiva do outro. A pergunta que inovadoras precisam inserir em seu cotidiano é: “Como posso, como inovador, ajudar a preencher lacunas e necessidades na vida das pessoas?”
A empatia pode ajudar não só aos outros, como também a nós mesmos. “Ver o mundo conectado no olhar do outro facilita a comunicação, cria laços, fortalece, promove a solidariedade e permite aprender com a experiência do outro”, diz a psicoterapeuta Socorro Leite. Se você deseja se relacionar saudavelmente, precisa aceitar e compreender os sentimentos e emoções das outras pessoas. “Essa conduta nos leva a agir com mais respeito, lealdade, transparência e generosidade. Afinal, todos queremos um mundo mais pacífico, justo, colaborativo e sustentável”, ressalta.
Segundo uma pesquisa da Universidade Estadual de Michigan, nos Estados Unidos, o brasileiro não está entre os povos mais empáticos do mundo. O Brasil ficou em 51º na lista entre 63 países pesquisados, atrás o Equador, Arábia Saudita, Peru, Dinamarca e Emirados Árabes. A boa notícia é que a empatia pode ser aprendida. Graças à maleabilidade dos circuitos neuronais do nosso cérebro, a chamada neuroplasticidade, a empatia e a compaixão nunca são fixas, ou seja, é possível reprogramá-las para que sejamos mais compreensivos em pequenas escolhas no dia a dia.
Algumas dicas para aumentar a sua empatia:
Faça um esforço para escutar antes de julgar. É preciso entender as emoções que estão fluindo na conversa. Se colocar no lugar do outro
Tente imaginar o que você faria no lugar do outro antes de criticar
Não transfira suas frustrações para os que pensam diferente
Evite julgar o outro pela sua opinião. Lembrem que julgamos baseados na nossa próprias experiências. Que já têm o nosso viés pessoal.
Tenha compreensão e paciência para conviver com quem você não gosta.
Respeite a diversidade ela abre espaço para a INOVAÇÃO entrar.
https://imaginarsolutions.com.br/wp-content/uploads/2015/02/logo-wide.png00solangehttps://imaginarsolutions.com.br/wp-content/uploads/2015/02/logo-wide.pngsolange2019-10-18 12:18:192019-10-18 12:29:13IMAGINAR NEWSLETTER: EMPATIA PARA INOVAÇÃO
Você já reparou que um mesmo evento pode ser contado por duas pessoas de maneira totalmente diferente. Talvez não a essência, porém os detalhes.
Por exemplo: você se lembra do vestido que a irmã de uma amiga estava usando no casamento da sua prima? O quê!!! Nem me lembrava que tinha ido a este casamento! Pois é, é assim que nossa memória funciona. Eu, por exemplo, apaguei um monte de informação dos meus 18 a 19 anos. Vira e mexe, meu irmão me cobra detalhes que eu nem me lembrava mais, como por exemplo um carro chevette alaranjado que eu tinha. Só me deu trabalho. Vivia estragando… o pior é que meu irmão depois comprou o carro de mim!!! Talvez por isto ele se lembre e eu não deste carro que só dava trabalho.!!
Nossa memória não é exatamente igual a um computador. O que você salvou na CPU certamente ficará guardado e poderá ser recuperado integralmente em qualquer momento. Conscientemente não conseguimos fazer a mesma coisa com a nossa memória. O nosso cérebro codifica os estímulos em pequenas combinações de neurônios no córtex e no hipocampo e guarda na memória de longo-prazo que fica na amígdala e no gânglio basal. Para em algum momento futuro poder recuperar. Porém, cada recuperação feita na memória, neurônios são agrupados e recodificados por semelhança, não por igualdade. Grupos de neurônios, não exatamente idênticos aos originais, serão ativados, o que pode ocasionar mudanças, má informação ou interferência, quando recuperamos memórias de algum evento do passado. Especialmente se o cérebro perde o detalhe inicial do evento. Neste caso, ele preenche por semelhança com as informações existentes na memória, para dar sentido ao evento que se deseja lembrar.
Na verdade, nunca conseguimos acessar a memória se não prestarmos atenção. O cérebro tem uma capacidade de guardar cerca de 2,5 petabytes de informação – cerca de 1 milhão de Gigabytes!!!. Suficiente para toda uma vida. Para usar este potencial é preciso engajar ativamente e manter o cérebro saudável e em crescimento.
Em estudo recente feito por pesquisadores ingleses foi identificado que 38,6% dos 6.641 participantes conseguiram lembrar de memórias quando tinham 2 anos ou menos. Para investigar as memórias, os pesquisadores pediram que as informações pudessem ser validadas com fatos investigáveis, como fotos ou estórias de famílias com datas, ou qualquer outra fonte fidedigna. A grande maioria das lembranças não pode ser comprovada. Isto porque, a nossa consciência começa a ser formada por volta dos 6 ou 7 anos. Uma verdade inquestionável é que nossas memórias só são reais desde a última vez que nos lembramos. Pois, todas as vezes que recorremos ao passado, reconfiguramos ou reconsolidamos a estrutura neural da memória., transformado as memórias existentes.
Em 1968, Richard Atkinnson e Shiffrin desenvolveram um modelo de 3 estágios de memorização. O registro sensorial, o processamento de curto-prazo na memória executiva no córtex pré-frontal e memorização de longo prazo.
A informação que entra pelos sentidos – principalmente visual e auditiva – é guardada somente por alguns segundos: entre 0,25 a 05 segundos, apesar de existir uma grande capacidade de obtenção de informação. Somente uma pequena parte destes estímulos sensoriais chegam até a memória executiva que guarda de 7 a 8 itens de informações por 18 segundos. Memória de longo-prazo tem uma capacidade infinita. As informações guardadas permanecem por toda vida. O que não quer dizer que podemos recuperar a qualquer momento. É necessário que o neurônio certo seja ativado com as mesmas conexões para restabelecer as mesmas memórias.
“Memória não é uma questão de tentar lembrar. É para fazer melhor da próxima vez,” afirmam Jeff Zacks (Universidade de Washington em St. Louis) e Chris Wahlheim (Universidade da Carolina do Norte).
Eles chegaram a essa conclusão depois de reunir e analisar várias teorias emergentes das funções cerebrais que sugerem que a capacidade de detectar mudanças no ambiente e nas pessoas desempenha um papel crítico na forma como vivenciamos e aprendemos com o mundo ao nosso redor.
O resultado é um modelo, batizado de “Teoria da Comparação e Recuperação de Eventos pela Memória”, que sugere que o cérebro compara continuamente informações sensoriais de experiências em andamento com modelos de trabalho de eventos semelhantes no passado, que ele constrói a partir das memórias relacionadas ao que está acontecendo agora.
Quando a vida real não bate com o “modelo de evento”, os erros de previsão tornam-se mais prováveis e a detecção de uma mudança desencadeia uma cascata de processamento cognitivo que reconecta o cérebro para ajustar as memórias. Neste caso estamos sujeitos aos viéses cognitivos, que estão presente no nosso dia-a-dia e na nossa vida profissional
https://imaginarsolutions.com.br/wp-content/uploads/2015/02/logo-wide.png00solangehttps://imaginarsolutions.com.br/wp-content/uploads/2015/02/logo-wide.pngsolange2019-10-06 18:56:562019-10-07 14:12:05IMAGINAR Newsletter: Algumas verdades sobre a nossa memória
Quando se aprofunda o conhecimento sobre a química hormonal que está na base do nosso mindset,segundo a antropóloga e pesquisadora Helen Fisher, pode-se identificar quatro grandes grupos hormonais que se manifestam: dopamina/noradrenalina (explorador) , serotonina (construtor), testosterona (diretor) e estrogênio/oxitocina (negociador). Cada um destes grupos hormonais está relacionado com traços da personalidade, que segundo a antropóloga, são a base do nosso temperamento e que são herdados geneticamente dos nossos pais. As principais características dos 4 tipos de personalidade estão apresentados na figura abaixo.
Figura 1 – Perfis da diversidade química amorosa Helen Fisher
Como estes tipos de personalidade oriundas da química neural se relacionam com os perfis de personalidade mais utilizados no mundo corporativo?
Confrontada com testes de personalidade como o Myers-Briggs, talvez o mais adotado corporativamente, Dr Fisher ressaltou pontos importantes que foram comprovados cientificamente na sua pesquisa e que não necessariamente se refletem nos perfis Myers-Briggs. A explicação plausível, segundo a pesquisadora é que tipologia Myer-Briggs foi desenvolvida por Katharine Briggs e sua filha Isabel Briggs , durante a segunda guerra mundial, há quase 70 anos atrás, quando a tecnologia ainda estava embrionária. Os desenvolvimentos psicológicos e psiquiátricos eram baseados em modelos intuitivos, que embora importantes até o momento, começam a ser questionados em virtude dos conhecimentos trazidos pela neurociência.
As 4 dimensões da tipologia Myers-Briggs sentir/intuir, pensar/sentir, extrovertido/introvertido e julgar e perceber, combinadas indicam 16 tipos de personalidades diferentes. O que os especialistas mencionam é que os tipos Myers-Briggs não foram criados para formação de times, especialmente os de inovação. Reconhecer as suas próprias preferências e estilos, sem dúvida favorece e minimiza o conflito dentro do espaço de trabalho. Porém , o foco principal está no autoconhecimento.
Na dimensão do julgamento, o sentir e intuir, o teste mede a química do estrogênio/oxitocina versus a testosterona. Enquanto, na orientação para o mundo externo, o julgar e perceber, a química é a dopamina versus os traços de serotonina. Nestas duas dimensões, segundo Dr. Fisher existe uma equivalência de conceito. Entretanto, na dimensão da percepção, perceber ou intuir estão relacionados com os traços do estrogênio versus serotonina, que no cérebro podem ativar áreas semelhantes. Quando se pensa no cérebro como um sistema complexo e totalmente integrado, não existem posições dicotômicas, e sim expressões de personalidades que são mais fortes do que outras. Porém, todas as químicas coexistem no cérebro e estão interligadas.
A Deloitte em 2017, fez a transposição do modelo amoroso da Dr. Fisher para o mundo organizacional criando um sistema chamado de Business Chemistry(A química do negócio). A pesquisa para ajustar a química amorosa da Dra. Fisher para o mundo corporativo envolveu três amostras de mais de 1000 profissionais cada uma delas. Desde então o modelo da Deloitte já foi usado por mais de 190 mil pessoas para determinar cada uma das personalidades responde ao estresse, e quais as condições ambientais em que cada um dos estilos consegue obter os melhores resultados. Algumas diferenças entre os dois modelos podem ser observadas. Principalmente na semântica que difere entre o mundo amoroso e o mundo organizacional. Na figura 2, temos a diversidade química organizacional e na figura 1 a diversidade química amorosa. Podemos observar que o pioneiro é o explorador amoroso, o integrador é negociador amoroso, o direcionador é o diretor amoroso e por final, o guardião é o construtor amoroso.
Figura 2 – Perfis da diversidade química Deloitte
O importante não é identificar as diferenças entre os dois modelos, e sim entender como explorar as potencialidades de cada perfil. Além de entender que personalidades diferentes podem ter interesses em comum, o que pode aproximar diferentes perfis na criação de times. Por exemplo, da pesquisa de Fisher vimos que exploradores atraem exploradores, assim como construtores. Porém, diretores são atraídos por negociadores. Descobrir os aspectos operacionais que são comuns ajuda a fazer o trabalho fluir de maneira mais criativa. Estes ajustes requerem tempo e esforço porém, o resultado da diversidade química organizacional potencializa os resultados.
Quais as dicas para minimizar as diferenças entre os times e gerir minorias de personalidades químicas nos times de inovação?
Se os guardiães são minoria em times direcionadores de tempo e detalhes que eles precisam para eles se preparem para as discussões ou decisões. Guardiães preferem escrever do que falar. prepara-los com materiais de leitura prévia irá diminuir o esforço que os guardiães e minimizar a impaciência dos pioneiros que são mais energéticos e gostam de decisões mais rápidas e intuitivas.
Pioneiros sempre têm ideias. Dê espaço para eles exporem suas ideias. Porém, limite o tempo para não incomodar os guardiães que ficaram incomodados com reuniões desestruturadas.
Os integradores querem formar relacionamentos. Estimule discussões entre pares ou grupos e explore o conteúdo das discussões. Estimule encontros prévios entre os integradores para que as discussões prolongadas não desestimule os direcionadores que são mais objetivos e que pensam que longas discussões são perda de tempo.
Para os direcionadores é importante a clareza das discussões e a ligação com o objetivo final. Competições e a gamificação são importantes para mantê-los interessados e comprometidos. Integradores podem se sentir desinteressados da competição, mas crie times na competição para explorar os relacionamentos sociais importantes para os integradores.
Importante prestar atenção nos introvertidos e sensíveis que tendem a ter personalidades mais ligadas com os integradores e os guardiães. Crie espaço para que eles se exponham, já que eles evitam a confrontação e o risco. E, em situações de maior confrontação e riscos, estas personalidades poderão ser mais afetadas pelo estresse organizacional.
https://imaginarsolutions.com.br/wp-content/uploads/2015/02/logo-wide.png00solangehttps://imaginarsolutions.com.br/wp-content/uploads/2015/02/logo-wide.pngsolange2019-09-29 11:12:202019-09-29 11:12:20Diversidade química: da amorosa para profissional. Como usar a neuro-química para times de inovação?
Imagine a seguinte cena: Você é um jovem adulto chegando a universidade para a sua classe favorita. Hoje será o dia da entrega da prova final. A sua expectativa está alta, pois tanto o professor quanto o conteúdo desta disciplina têm sido muito motivadores. O professor está entregando o resultado do exame final e a sua nota foi um pouco acima da média para passar. Desanimador! Ao sair da escola, descobre que para não chegar atrasado a sua aula preferida, você estacionou em local não permitido e acabou levando uma multa. No caminho de casa, querendo desabafar com seu melhor amigo, faz uma ligação e recebe como resposta “cara, agora não dá, me liga mais tarde!”. Como você se sentiria depois destes episódios acumulados em um mesmo período? Frustrado? Rejeitado? A vida não está sendo generosa, seu professor querido e admirado parece não gostar de você … Ou, olharia esta mesma situação como um ponto de interrogação. Quem sabe precisa ter mais atenção, estudar mais, ser mais cuidadoso na hora de estacionar o carro, entender que seus amigos não estão disponíveis 24 por 7. Qual das duas reações seria mais compatível com você?
A professora da universidade de Standford Carol Dweck define em seu livro “Mindset: A nova psicologia do sucesso”, o mindset como crenças que as pessoas têm sobre a natureza das características humanas. Especificamente, o conceito de mindset está centrado na crença de se poder ou não alterar os traços ou as características pessoais. Se as pessoas acreditam que os traços – como inteligência, personalidade, habilidade esportiva, musical etc. – não são controláveis e por isso não podem ser mudados, elas endossam o mindset fixo. Se, por outro lado, as pessoas acreditam que essas características são controláveis e mutáveis com esforço, elas endossam o mindset de crescimento.
As pessoas que acreditam que nasceram inteligentes e que essa capacidade inata é definitiva usam preferencialmente o mindset fixo. Essas pessoas sabem que são capazes, gostam de ser admiradas pelo que sabem, e se sentem frustradas com o erro, além de entenderem as críticas como ofensas pessoais. No caso do jovem adulto que teve um dia ruim, se ele tiver mindset fixo, a sua reação é uma sucessão de pensamentos negativos. Se sentirá frustrado, perdido, traído pelo melhor amigo que não o atendeu, acha que o professor da sua matéria preferida é um sacana. Olha para o mundo como se fosse uma enorme conspiração contra si próprio.
Por outro lado, existem pessoas que sabem analisar os fatos reais de uma maneira mais positiva. E entendem que podem mudar drasticamente a maneira como pensam. E, com isso, podem alterar suas crenças. “Não é o mundo que está conspirando contra mim. Sou eu mesmo que preciso mudar. Ser mais atento e cuidadoso! “ Estas são pessoas que ficam no extremo oposto do espectro do mindset. São entituladas de mindset de crescimento. São pessoas que sabem trabalhar com seu grau de atenção e comprometimento para fazer uma mudança deliberada. Ao contrário das pessoas de mindset fixo, essas pessoas entendem que as críticas e os erros são essenciais e representam um alerta para que aprendam. Sabem que para cresceram , chegarem na excelência terão que se esforçar.
Na verdade, somos uma combinação dos dois tipos de mindset. O que precisamos perceber é qual deles é mais predominante, pois, será ele que determinará a maneira como penso e reajo frente aos desafios do dia-a-dia. O mindset praticamente permeia em todos os momentos da nossa vida. Quer seja na escolha de palavras e atitudes, quer seja na interpretação de como eu leio um anúncio ou um artigo e me posiciono com relação ao que li.
Um estudo publicado na revista Science em 2015, mostrou que existe um desbalanceamento de gênero entre mulheres e homens nas disciplinas relacionadas com as áreas ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Uma das causas apontadas neste estudo são os estereótipos criados de que as mulheres não possuem este tipo de talento. Será que talento é uma capacidade nata ou pode ser desenvolvido? No estudo publicado em 2015, Sarah-Jane Leslie e seus colegas, descobriram que em alguns campos técnicos, se acredita que talentos são natos e pertencentes ao gênero masculino. Este tipo de comportamento retrata o mindset fixo que privilegia gênero e não capacidade de aprendizado.
O X da questão é como as empresas estão se posicionando frente a esta mentalidade? Quando se observa anúncios de contratação ou a busca desenfreada por talentos é nítida a obsessão pelo candidato mais inteligente, brilhante e com currículo exemplar. Em termos de mindset de crescimento, seria mais adequado buscar candidatos que estão abertos ao aprendizado contínuo e que busca desafios novos. Em uma pesquisa de empresas de contratação americana foram analisados o texto dos anúncios colocados pelas empresas para ver se a construção da frase de contratação tinha um sentido de mindset de crescimento ou fixo. E, se por causa desta frase houve ou não um viés de contratação pendendo para o gênero masculino. O resultado da pesquisa mostrou que em média as posições preenchidas por mulheres tendem a ter duas vezes mais palavras ou sentenças que remetem ao mindset de crescimento como: busca pelo desenvolvimento, altamente motivacional, comprometimento e aprendizado. Outra constatação da pesquisa foi que os postos com alta densidade de palavras que remetem ao mindset fixo são preenchidos 11 vezes mais lentamente.
Este exemplo comprova que o que pensamos e como nos comunicamos é um reflexo das nossas crenças e tem um impacto direto na construção da nossa realidade. Dói profundamente fazer mudanças na forma como pensamos. Se as crenças que temos sobre nós mesmos e sobre o mundo não forem alteradas, não conseguiremos mudar capacidades e comportamentos. Pois, são as crenças que motivam ou inibem as nossas capacidades e nossos comportamentos. Como neurologicamente as nossas crenças estão ligadas ao sistema límbico, que é inconsciente, temos um desafio grande. Podemos perceber o sentimento decorrente da nossa emoção, porém não temos controle sobre elas. Para mudar o nosso mindset, temos que ter consciência sobre as nossas crenças. que não é fácil! Para isso, precisamos nos autoconhecer, perceber como pensamos, como nos comportamos e como reagimos a determinados estímulos externos e internos. O passo seguinte é criar novos hábitos e, para isso, é preciso ter disciplina e esforço. A repetição de novos hábitos gera novos comportamentos,
novas capacidades que formarão novos caminhos neurais que, ao se sedimentarem, se tornarão novas crenças. Um mesmo cérebro, mas com opções de caminhos neurais, que geram dois tipos de mindset.
https://imaginarsolutions.com.br/wp-content/uploads/2015/02/logo-wide.png00solangehttps://imaginarsolutions.com.br/wp-content/uploads/2015/02/logo-wide.pngsolange2019-09-19 17:32:402019-09-19 17:32:40Um único cérebro e dois MINDSETS
Como preparar uma organização ou negócio para as transformações aceleradas do século XXI? Como desenvolver estratégias para maximizar o desempenho da inovação? Como escolher um time que tenha capacidade de se reinventar e construir soluções novas a cada novo desafio que surge? A resposta para estas perguntas está intimamente relacionada com MINDSET – como as pessoas pensam e agem – que por sua vez está intimamente ligada com a diversidade.
Empresas que abraçam a diversidade adquirem perspectivas diferenciados do mercado e das transformações, além de desenvolverem soluções mais inovadoras, são capazes de correr mais riscos, resolver problemas mais criativamente, serem mais resilientes e transformarem desafios em oportunidades. Mas as estatísticas mostram que buscar a diversidade é bem mais complicado do que se imagina. O Instituto BCG Henderson fez uma pesquisa com as empresas globais para avaliar o seu progresso em se tornarem mais diversas nos últimos 10 anos. Em termos de gênero, maior participação das mulheres nos cargos de liderança aumentou 2% de 2009 para 2018. Em 2009 o percentual de mulheres líderes era de 26% e em 2018 esse indicador passou para 27%.
Aparentemente, as organizações se tornaram homogêneas para responder ao desafio da produtividade. Grupos homogêneos requerem menos esforço para serem treinados e executarem uma tarefa. Tarefa aprendida e repetida inúmeras vezes se torna um tarefa automática. Que tende a produzir menos erros, e por consequência aumenta a produtividade. Além da produtividade, outro aspecto relevante da homogeneidade é a visão do negócio. Estratégia Porteriana ensina a focar nos competidores. Se olharmos as 5 forças fundamentais de Porter, somente uma das forças foca no consumidor. Os negócios que surgiram, cresceram e prosperaram no século passado se basearam no competitividade do segmento de mercado e nos competidores. Os colaboradores se tornaram conhecedores do seus concorrentes, do seu mercado e do seus produtos. Mindsetmoldado para o negócio. Hoje, a visão de negócio precisa ser muito mais abrangente e eclética e está mais aderente a heterogeneidade do que para a homogeneidade.
Em abril de 2017, na pesquisa realizada pelo Instituto BCG Henderson foram avaliadas as percepções da diversidade em 6 dimensões: gênero, idade, nacionalidade, carreira, experiências em indústrias e educação. A grande contribuição da pesquisa foi identificar a correlação existentes entre diversidade e inovação. Empresas que tinham percentuais de diversidade acima da média apontaram um receita de inovação 19% maior que as empresas que apresentaram percentual de diversidade abaixo da média. Ou seja, a receita de inovação de empresas pouco diversas foi de 26%, enquanto as com níveis mais altos de diversidade apresentaram resultado da receita de inovação de 45% oriundas de produtos ou serviços criados nos últimos 3 anos. A maior correlação existente entre as 6 dimensões com a inovação foram nacionalidade, experiências em indústrias diferentes, equilíbrio de gêneros e carreiras.
Diversidade também está relacionada com resiliência. As rápidas mudanças tecnológicas impulsionando novos modelos de negócios, criando uma dinâmica complexas aumenta sensivelmente a incerteza do ambiente de negócios. o índice de mortalidade de empresas de capital aberto é 6 vezes maior que era a 40 anos atrás. Resiliência é a capacidade de sobreviver e progredir em ambientes de incerteza. Quando uma empresa aumenta sua capacidade de percepção, ou amplia a sua capacidade de ler os sinais do mercado, ela tende a antecipar possíveis mudanças e a se preparar com ideias e soluções mais inovadoras.
Ser confiante que o sucesso do passado se perpetuará no futuro, pode ser uma grande ameaça para o negócio. Sem contar que pode gerar efeito manada, que é um viés cognitivo também conhecido como Group Think. O maior desafio da diversidade está no próprio ambiente organizacional que não privilegia a sustentabilidade da diversidade. Aliás, uma frase comum de se escutar na Amazon, dita com frequência pelo seu fundador Jeff Bezos é que fracasso e inovação são gêmeos inseparáveis.
Todos olham para os mesmo mercado, para o mesmo setor, para os mesmos concorrentes, e levam susto quando descobrem que estão sendo derrotados por pequenas start-ups novas no mercado, porém, que entregam soluções muito mais valorosas para o consumidor. Efeito manada significa que estou habituado a pensar naquilo que sei e conheço, e meu foco é entregar valor para empresa e não para o consumidor. Entregar valor para o consumidor significar longevidade. E o consumidor está mudando de hábito com muita rapidez. Se a empresa não consegue perceber e antecipar estas mudanças de hábito, a sua vulnerabilidade estará aumentando também aceleradamente. Se estes fatos estão se tornando a cada dia mais contundentes porque as empresas não conseguem aumentar a diversidade para aumentar a inovação? O maior desafio da diversidade está no próprio ambiente organizacional que não privilegia a sustentabilidade da diversidade.
Segundo o Instituto BCG Henderson existem 5 elementos fundamentais para a sustentabilidade da diversidade organizacional. O primeiro é a liderança participativa, onde todos são ouvidos e a diferenças respeitadas. Segundo elemento é ter a diversidade defendida pelo CEO como estratégia de crescimento e inovação. Terceira é a comunicação aberta, transparente e respeitosa em todos os níveis da empresa. Quarta é a abertura para novas ideias, entendendo que errar significa aprender. Correr riscos educados, dentro de limites definidos faz parte da capacidade de inovar. Por último, é ter práticas justas e equivalentes para todos, independentes da origem, gênero ou raça.
Tecnologia tem um papel importante na efetivação da diversidade. Inteligência artificial, por exemplo, tem influenciado na substituição de posições de trabalho. Principalmente nos cargos que requerem menor capacitação intelectual. Nestes cargos, a estatística indica que são posições atualmente preenchidas por mulheres. Por outro lado, tecnologias como a neurociência podem ajudar na identificação de pessoas. Pessoas com mindset de crescimento ou pessoas que sejam menos resistentes e menos enviesadas cognitivamente.
Além disso, a tecnologia pode ajudar a identificar e estruturar times multifuncionais com capacidades complementares que ajudem em processos de inovação. Para que a diversidade possa florescer o primeiro passo é conscientizar os próprios gestores e colaboradores de como os seus vieses cognitivos originados do seu mindset sãoimpeditivos para que a transformação aconteça. Capacitar as equipes para que se conscientizem de como pensam, agem e tomam decisão é uma escolha inicial importante e fundamental para inserir a diversidade no dia-a-dia da empresa.
Como sugestão para verificar o seu grau de resistência ou viés para a diversidade o IAT – Implicit Association Test, avalia o seu grau de viéses inconscientes para vários tipos de fatores de diversidade como gênero, raça, cor, etc. e foi criado em 1995 por cientistas que estudavam a influência das memórias implícitas e explícitas na tomada de decisão.
Estudos genéticos mais recentes sugerem que a interação dos genes do nosso DNA influenciam o comportamento e se expressam como uma constelações de características que definem os tipos de personalidades. O que levou a Dra. Helen Fisher antropóloga e pesquisadora e estudiosa das relações amorosas, a definir quatro grandes tipos de personalidades relacionadas com a dominância química que é produzida no cérebro quando as pessoas se apaixonam. O grupo dos exploradores ativado pela presença da dopamina, os construtores ativado pela serotonina, os diretores relacionado com a testosterona e os negociadores relacionado com o estrogênio/oxitocina. Os grupos estão apresentados na figura abaixo.
Pensar em diversidade para inovação em termos de cognição, ainda é mais desafiador do que pensar em diversidade de gênero, raça, etnia, formação ou cultura. Mas o seu impacto pode ser bem mais profundo e transformador.
No nosso próximo post serão explorados com mais profundidade os quatro tipos de de diversidade neuro-química e como eles foram adaptados pela Deloitte desde 2017, para a gestão de times multidisciplinares.
https://imaginarsolutions.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Captura-de-Tela-2019-09-22-às-23.09.57.png7221066solangehttps://imaginarsolutions.com.br/wp-content/uploads/2015/02/logo-wide.pngsolange2019-09-08 23:04:022019-09-23 12:03:26Diversidade como estratégia de INOVAÇÃO
IMAGINAR NEWSLETTER: BCI (Brain Computer Interface): MITO OU REALIDADE?
Segundo o Gartner Inc. , Brain Computer Interface – BCI – abrirá até 2021 o equivalente a 2,9 trilhões de dólares à economia global e aumentará o equivalente a 6,2 bilhões de horas de produtividade do trabalhador global. Afinal o que BCI? Mito ou realidade? Por incrível que pareça BCI hoje já é um realidade que está captando bilhões de dólares dos investidores mundiais. A capa da revista Time de fevereiro de 2011 questionava se com o avanço da tecnologia o homem se tornaria imortal, e previa que em 2045 a inteligência aumentada do homem já seria realizada. Apenas uma década depois, a previsão é que em 2035, segundo Ray Kurtzweil, o super homem já será realidade.
Afinal o que é BCI? De forma bem simples pode-se dizer que BCI é um tipo de interface na qual o usuário gera voluntariamente padrões cerebrais distintos que são interpretados pelo computador como comandos que estão ligados a um aplicativo ou dispositivo.
As primeiras pesquisas em BCI tiveram início na década de 1970, na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), suportadas por concessões da Fundação Nacional da Ciência, seguido de um contrato com a DARPA. Os documentos publicados depois da pesquisa marcam a primeira aparição da expressão interface cérebro-computador na literatura científica.
Historicamente, os neuroprostéticos tem sido o motivo principal para a pesquisa BCI. Isso inclui membros artificiais para amputados, implantes para surdos e estimulação cerebral profunda para indivíduos que sofrem de convulsões. Esses dispositivos já melhoraram a vida de milhões de pessoas e seu amplo uso demonstra os benefícios de se obter uma comunicação bilateral direta entre o cérebro e os dispositivos eletrônicos. No entanto, as possíveis aplicações da tecnologia vão muito além da assistência médica. Mesmo no campo da neuro-prótese, podemos imaginar ir além. Ou seja, podemos aumentar nossas habilidades além dos níveis cognitivos normais. Como por exemplo, criar olhos artificiais que são capazes de resolução muito maior do que os olhos humanos, uma capacidade de aumentar ou diminuir o zoom e ver no espectro UV (ultravioleta) ou IR (infravermelho).
As possibilidades ficam ainda mais interessantes quando se considera a cognição e a formação de habilidades. Um estudo recente demonstra que estimular certas partes do cérebro melhora a formação e a recuperação da memória. Outras experiências conseguiram implantar artificialmente memórias em animais. Como exemplo, pode ser possível aplicar os métodos desses estudos para melhorar sua capacidade de aprender rapidamente um instrumento. Ou talvez, seja possível, combinar vários neuroestimuladores e sensores para desenvolver uma “unidade de processamento aritmético” que possa detectar quando determinadas áreas do cérebro associadas ao raciocínio matemático ou lógico são ativadas e se comunica com elas para aprimorar as habilidades.
É em busca desse aumento cognitivo que Elon Musk e Neuralink desejam seguir. De acordo com Musk e muitos dos principais teóricos da IA, uma barreira fundamental no progresso intelectual da humanidade em relação à IA é o problema da largura de banda: embora os computadores e a IA estejam se tornando cada vez mais rápidos e capazes de processar e gerar conhecimento, enfrentamos limitações imediatas e fundamentais em nossa capacidade para fazer o mesmo. Adquirimos informações principalmente por meio de nossos sentidos e da nossa capacidade de interpretar a linguagem. No tempo em que seus olhos e o córtex visual levam para ler e entender uma única frase, um computador pode digitalizar milhares de páginas de texto. É concebível que, em algumas décadas, possamos ter IA avançada rodando em hardware neuromórfico especializado, com modelos incrivelmente precisos de como o mundo funciona e uma capacidade de analisar e entender milhões de documentos em minutos, tomando decisões e inferências que estão muito além da humana compreensão.
Em um mundo cada vez mais dependente da tomada de decisões conduzida pela IA, os humanos podem se tornar obsoletos em todas as partes do processo de tomada de decisões empresariais, científicas e políticas. Nossos cérebros não evoluíram para jogar xadrez com trilhões de peças ou compreender estratégias calculadas que planejam milhões de movimentos à frente. É o medo dessa caixa preta super-inteligente que motiva grande parte do trabalho atual da Neuralink, Kernel e várias outras organizações relacionadas.
A maioria das pesquisas de ponta em tecnologia BCI busca maximizar a largura de banda de informações, geralmente por meio de métodos invasivos que implantam eletrodos diretamente no cérebro ou nos nervos. No entanto, métodos não invasivos, especificamente eletroencefalografia (EEG) e eletromiografia (EMG), são rotineiramente utilizados com considerável sucesso.
Isso envolve a colocação de eletrodos na superfície da cabeça (EEG) ou na pele acima dos músculos (EMG) para medir a atividade elétrica cumulativa por baixo. A granularidade desses dados é baixa e está muito distante do nível de precisão e largura de banda que serão necessários para alcançar os objetivos mais ambiciosos da pesquisa da BCI. No entanto, os BCIs habilitados para EEG / EMG alcançaram feitos incríveis, como controlar drones, videogames e teclados com o pensamento, e fornecem uma pequena visão das possibilidades que novas pesquisas podem desbloquear.
Uma equipe de pesquisadores da Universidade Carnegie Mellon, em colaboração com a Universidade de Minnesota, fez um avanço no campo do controle não invasivo de dispositivos robóticos. Usando uma interface não invasiva cérebro-computador (BCI), os pesquisadores desenvolveram o primeiro braço robótico controlado pela mente, bem-sucedido, exibindo a capacidade de rastrear e seguir continuamente o cursor do computador.
IMAGINAR NEWLETTER: COMO MELHORAR SUA MEMÓRIA
No mundo que vivemos, informação e conhecimento estão alterando a natureza daquilo que conhecemos. São milhares de informações por segundo atualizadas pelos cliques do bilhões de celulares interconectados. O mundo acontece a cada segundo. Basta abrir o Twitter ou Instagran, ou qualquer rede social, que você saberá o que está acontecendo AGORA. Quem está na ativa e quer continuar na ativa, ou almeja atingir novos patamares, sabe que o sucesso é amplamente baseado no que você sabe. Saber pode te aproximar ou te afastar dos seus objetivos de vida. Mas como garantir que estas milhões de informações processadas poderão ser usadas quando for necessário?
Muitas pessoas querem aprender melhor e mais rapidamente, reter mais informações e poder aplicar esse conhecimento no momento certo. A realidade é que esquecemos mais do que aprendemos. No final do século XIX, Herman Ebbinghaus, psicólogo alemão, foi o primeiro a abordar sistematicamente a análise da memória. Ebbinghaus disse uma vez: “Com um número considerável de repetições, um espaçamento no tempo de um determinado aprendizado é decididamente mais vantajoso para retenção do que um conteúdo intensivo ao mesmo tempo”. O que Ebbinghaus queria dizer era que o esquecimento dependia de uma série de fatores tais como o grau de dificuldade do conteúdo a ser aprendido, os fatores fisiológicos como o estresse e o sono. Além disso, o cientista também identificou que o fator de esquecimento variava pouco entre as pessoas. E, concluiu que a retenção dependia de habilidades mnemônica de cada pessoa. Estas habilidades poderiam ser treinadas para minimizar as diferenças em parte, pois, a melhor forma de memorizar era: 1) aumentar as representações na memória aprendendo as técnicas mnemônicas, e 2) repetição, repetição, repetição, especialmente com espacejamento de tempo. A revisão do aprendizado nas 24 horas após a primeiro contato com o conteúdo reduz o nível de esquecimento. A curva de esquecimento de Ebbinghaus, explica o declínio da retenção de memória no tempo e contribuiu para o campo da ciência da memória, registrando como o cérebro armazena informações.
O esquecimento humano segue um padrão. De fato, pesquisas mostram que em apenas uma hora, se nada for feito com novas informações, a maioria das pessoas terá esquecido cerca de 50% do que aprendeu. Após 24 horas, esse valor aumenta para 70% e, se passar uma semana sem que essas informações sejam usadas, até 90% delas poderão ser perdidas.
Para melhorar a aquisição e retenção de conhecimento, novas informações devem ser consolidadas e armazenadas com segurança na memória de longo prazo.
De acordo com Robert Bjork, PhD, professor de psicologia cognitiva da UCLA que trabalhou em uma teoria do esquecimento junto com Piotr Wozniak, pesquisador polonês mais conhecido por seu trabalho no SuperMemo (um sistema de aprendizado baseado na repetição espaçada), a memória de longo prazo pode ser caracterizada por dois componentes: capacidade de recuperação e capacidade de armazenamento. A capacidade de recuperação mede a probabilidade de você se lembrar de algo agora ou saber o quanto esta memória esta perto da superfície da sua mente. A capacidade de armazenamento mede a profundidade da raiz da memória.
Se queremos que nosso aprendizado continue, precisamos fazer mais do que apenas ler um livro toda semana ou ouvir passivamente um audiolivro ou podcast. Em vez disso, releia os capítulos que você não compreendeu pela primeira vez, escreva ou pratique o que aprendeu na semana anterior antes de continuar no próximo capítulo ou lição ou faça anotações, ou busque práticas que funcionem para você. Se você está se esforçando para lembrar, volte nas suas anotações para consultar. Este esforço de se lembrar das informações passadas, consolida o novo conhecimento em sua mente.
Pesquisas indicam que quando uma memória é registrada pela primeira vez no cérebro – especificamente no hipocampo – ela ainda é “frágil” e facilmente esquecida. Além disso, nosso cérebro está constantemente gravando informações temporariamente para separar informações vitais da confusão – trechos de conversas que você ouve no caminho para o trabalho, coisas que vê, o que a pessoa à sua frente estava usando, discussões no trabalho etc. o cérebro descarta tudo o que não é necessário o mais rápido possível para abrir caminho para novas informações. Se você quiser se lembrar ou usar novas informações no futuro, precisará deliberadamente armazená-las em sua memória de longo prazo.
Armazenar conhecimento na memória de longo-prazo se chama CODIFICAÇÃO. Sem a codificação adequada, não há nada para armazenar e as tentativas de recuperar a memória posteriormente falharão. Em um relatório da Universidade de Waterloo que analisa como esquecemos, os autores argumentam que, quando você se lembra deliberadamente de algo que aprendeu ou viu há pouco tempo, aumenta a intensidade de determinados hormônios no hipocampo, sinalizando para esta área do cérebro que a informação é importante. Quando a mesma informação é repetida, seu cérebro diz: ‘Ah, aí está novamente, é melhor eu manter isso.’ Quando você é exposto à mesma informação repetidamente, leva cada vez menos tempo para ‘ativar’ as informações na memória de longo prazo e fica mais fácil recuperar as informações quando você precisar. ”
Algumas técnicas para melhorar o grau de aprendizado e retenção:
1 – A repetição espaçada
Para estudar para uma prova aguardada a melhor forma de reter as informações é aprender um pouquinho sobre a matéria todos os dias. De preferência, revendo o que estudou anteriormente sempre que for estudar novamente. A repetição espaçada aproveita um fenômeno da memória que diz que o cérebro retém melhor as informações quando separamos as informações ao longo do tempo. Aprender algo novo expulsa informações antigas, e é necessário tempo para permitir para que a nova conexão neural se solidifique.
2 – A regra 50/50
Dedique 50% do seu tempo para aprender algo novo e 50% para compartilhar ou explicar o que aprendeu para alguém ou seu público.Pesquisas mostram que explicar um conceito para outra pessoa é a melhor maneira de aprendê-lo. Por exemplo, em vez de concluir um livro, tente ler somente a metade e tente se recordar, compartilhar ou escrever as ideias principais antes de prosseguir. Ou melhor ainda, compartilhe esse novo conhecimento com alguém.
Você pode até aplicar a regra 50/50 a capítulos individuais, em vez de ao livro inteiro. Esse método de aprendizado funciona muito bem se você deseja reter a maior parte do que está aprendendo. O teste final do seu conhecimento é a sua capacidade de transferi-lo para outra pessoa.
3 – Demonstrações
Ao contrário de simplesmente ler ou ouvir uma explicação, as demonstrações práticas mostram como algo funciona e ajudam a visualizar o conceito ou o aprendizado. Ao aprender fotografia, design, falar em público, negociação ou uma nova tecnologia útil, assistir a vídeos instrutivos que demonstram o que você está tentando aprender pode melhorar sua taxa de retenção.
4 -Sono
Por fim, use o sono como uma ajuda poderosa entre as sessões de aprendizado. Dormir depois de aprender é uma parte crítica do processo de criação de memória e dormir antes de aprender fortalece sua capacidade. As pesquisas científicas mostram que os cochilos ajudam a reforçar as conexões neurais. Durante o sono são realizadas os processos de consolidação, que, uma vez acionados, permanecem eficazes mesmo que o sono seja interrompido logo após. Cochilos mais longos (mais de 60 minutos) também são ótimos para armazenar novas informações em nossa memória longo-prazo. Uma boa noite de sono é ainda melhor para recuperar a memória e pensar com clareza.
Quanto mais a mente é usada, mais robusta ela pode se tornar. Assumir o controle do armazenamento de informações não apenas ajudará a reter novas informações, mas também reforçará e aperfeiçoará o conhecimento que você já possui.
Como as memórias de locais são guardadas no cérebro
Nova York, NY – 11 de novembro de 2019 – Um aspecto importante da memória humana é nossa capacidade de recuperar momentos específicos da vasta gama de experiências que ocorreram em uma determinada situação. Por exemplo, se você for solicitado a recomendar um itinerário turístico para uma cidade que você visitou muitas vezes, seu cérebro de alguma forma permite que você se lembre e escolha seletivamente memórias específicas de suas diferentes viagens para fornecer uma resposta.
Estudos demonstraram que a memória declarativa – o tipo de memória que você pode lembrar conscientemente como o seu endereço residencial ou o nome de sua mãe – depende de estruturas saudáveis do lobo temporal medial no cérebro, incluindo o hipocampo e o córtex entorrinal (CE). Essas regiões também são importantes para a cognição espacial, demonstrada pela descoberta ganhadora do Prêmio Nobel de “células de lugar” e “células de grade” nessas regiões – neurônios que se ativam para representar locais específicos no ambiente durante a navegação (semelhante a um GPS) . No entanto, não ficou claro se ou como esse “mapa espacial” no cérebro se relaciona com a memória de eventos de uma pessoa nesses locais e como a atividade neuronal nessas regiões nos permite direcionar uma memória específica para recuperação entre experiências relacionadas.
Uma equipe liderada por neurocientistas da escola de Engenharia da Universidade de Columbia encontrou as primeiras evidências de que existem neurônios individuais no cérebro humano que têm como alvo memórias específicas durante uma lembrança. Eles estudaram as ativações neuronais feitas em pacientes que tiveram eletrodos implantados em seus cérebros e examinaram como os sinais cerebrais dos pacientes correspondiam ao seu comportamento enquanto realizavam uma tarefa de memória de localização de objetos de realidade virtual (VR). Os pesquisadores identificaram “células de rastreamento de memória”, cuja atividade foi sintonizada espacialmente no local em que os indivíduos se lembraram de encontrar objetos específicos. O estudo foi publicado na revista Nature Neuroscience.
“Encontramos esses neurônios de rastreamento da memória principalmente no córtex entorrinal (CE), que é uma das primeiras regiões do cérebro afetadas pelo aparecimento da doença de Alzheimer”, diz Joshua Jacobs, professor associado de engenharia biomédica, que dirigiu o estudo. “Como a atividade desses neurônios está intimamente relacionada ao que uma pessoa está tentando lembrar, é possível que sua atividade seja interrompida por doenças como a doença de Alzheimer, levando a déficits de memória. Nossas descobertas devem abrir novas linhas de investigação sobre como a atividade neural no córtex entorrinal e no lobo temporal medial nos ajuda a direcionar eventos passados para recordação e, mais geralmente, como o espaço e a memória se sobrepõem no cérebro. ”
Conceptual illustration of neurons that “map” memories in the human brain. [Salman Qasim/Columbia Engineering]D
Desenho conceitual dos neurônios que criam um mapa na memória humana (Salman Qasim/Columbia Engineering]
A equipe foi capaz de medir a atividade de neurônios individualmente aproveitando uma oportunidade rara: gravar invasivamente os cérebros de 19 pacientes neurocirúrgicos em vários hospitais, incluindo o Centro Médico Irving da Universidade Columbia. Os pacientes tinham epilepsia resistente a medicamentos e, portanto, já tinham eletrodos de gravação implantados em seus cérebros para o tratamento clínico. Os pesquisadores projetaram experimentos como jogos de computador VR envolventes e os pacientes acamados usavam laptops e controladores de mão para se moverem em ambientes virtuais.A equipe mediu a atividade dos neurônios enquanto os pacientes se moviam pelo ambiente e marcavam seus alvos de memória. Inicialmente, eles identificaram neurônios espacialmente ajustados, semelhantes a “células de lugar” que sempre eram ativadas quando os pacientes se moviam por locais específicos, independentemente do alvo de memória dos sujeitos. “Esses neurônios pareciam se importar apenas com a localização espacial da pessoa, como um GPS, ”Diz Salman E. Qasim, aluno de doutorado de Jacobs e principal autor do estudo.
A importância desta descoberta é saber que os neurônios do cérebro humano rastreiam as experiências que estamos voluntariamente recordando e podem mudar seus padrões de atividade para diferenciar as memórias. Eles são exatamente como os pinos no seu mapa do Google que marcam os locais que você lembra de eventos importantes. Essa descoberta pode fornecer um mecanismo potencial para nossa capacidade de chamar seletivamente diferentes experiências do passado e destacar como essas memórias podem influenciar o mapa espacial do nosso cérebro”.
Mindset: crenças e descrenças…
Robert Dilts (2014), em seu artigo sobre os níveis neurológicos inspirado em Gregory Bateson (Steps to an Ecology of Mind), define um modelo de como as nossas crenças influenciam e modelam nossas relações e interações com o mundo ao nosso redor. Com o modelo de Dilts começamos a entender como esse intricado mecanismo cérebro, corpo e capacidades funciona e abrimos novas fronteiras para o autoconhecimento, que é o passo inicial da mudança de mindset. Gregory Bateson identificou cinco níveis lógicos de aprendizado ou de autoconhecimento.
Nível 0 – Reação reflexiva comportamental a um estímulo ambiental.
Nível I – Ajuste ou melhora em um comportamento devido a um refinamento de uma representação interna.
Nível II – Mudança em uma abordagem comportamental por causa de uma reinterpretação do contexto.
Nível III – Mudanças em todo o sistema de crenças e valores.
Nível IV – Sair do sistema e migrar para um sistema de sistemas. É necessária uma mudança de identidade.
A identidade de uma pessoa é moldada e está refletida no conjunto de crenças e valores. Cada crença e valor, por sua vez, está relacionado com um grupo particular de capacidades. As capacidades estão associadas com determinados comportamentos e, os comportamentos são ligados a um conjunto de condições ambientais.
Neurologicamente, nossas percepções são formadas a partir dos estímulos que recebemos do AMBIENTE e que são captadas pelos nossos órgãos sensoriais e pelo sistema nervoso periférico. É graças a este sistema que o cérebro e a medula espinhal recebem e enviam as informações permitindo-nos reagir às diferentes situações que têm origem no meio externo ou interno. O COMPORTAMENTO está relacionado especificamente com ações e reações que temos quando nos relacionamos com pessoas e o ambiente. As CAPACIDADES são as estratégias mentais que possibilitam desenvolver comportamentos específicos. Enquanto alguns comportamentos são respostas reflexivas aos estímulos externos, outras ações não são. VALORES e CRENÇAS estão relacionados com julgamentos e avaliações de nós mesmos, dos outros e do mundo ao nosso redor. É a nossa essência. O porquê. Neurologicamente, as crenças estão ligadas ao sistema límbico e ao hipotálamo. O sistema límbico está associado com as emoções e a nossa memória de longo-prazo. Por serem estruturas mais primitivas e mais profundas no nosso cérebro, elas são responsáveis por respostas inconscientes. A IDENTIDADE está relacionada com o nosso sentido de ser. É a percepção de quem somos que organiza as nossas crenças, capacidades e comportamentos em um único sistema. O nível ESPIRITUAL nos dá o sentido de fazer parte de algo muito maior, mais profundo e que está além da nossa compreensão
Este sistema intrincado e integrado entre cérebro e corpo indica a dimensão e a intensidade de esforço necessário para fazer mudanças de hábitos mentais. Mudar mindset. Dói profundamente fazer mudanças na forma como pensamos. Se as crenças que temos sobre nós mesmos e sobre o mundo não forem alteradas não conseguimos mudar capacidades e comportamentos. Pois, segundo a hierarquia de Dilts são as crenças que motivam ou inibem as nossas capacidades e comportamentos.
Como neurologicamente, as nossas crenças estão ligadas ao sistema límbico que é inconsciente, temos um desafio grande. Podemos perceber o sentimento decorrente da nossa emoção. Porém, não temos controle sobre as emoções. Para mudar o nosso mindset temos que ter consciência sobre as nossas crenças. O que não é fácil! Para isto, precisamos nos autoconhecer, perceber como pensamos, como nos comportamos e como reagimos a determinados estímulos externos e internos.
O neurobiologist Bruce Lipton compare o nosso inconsciente com um computador. Tudo aquilo que tiver sido gravado pode ser repetido continuamente assim que você apertar uma tecla. E esta tecla, assim como vimos nos níveis de Dilts é acionado pelo estímulo que vem do ambiente. Por exemplo, se estamos esperando por uma pessoa e ela se atrasa, automaticamente acionamos o botão de cenas anteriores, como por exemplo, “ela não virá!”. Algumas pessoas não conseguem perceber estes programas do nosso computador inconsciente. Estas memórias inconscientes foram gravadas ainda muito cedo em nossos vidas. Algumas até durante o período fetal, relativas as experiências que a sua mãe vivenciou durante a gravidez.
Até aproximadamente os cinco ou seis anos de idade, as gravações inconscientes são feitas sem análise ou questionamento, e são oriundas das experiências vivenciadas com os pais, comunidade e dos ambientes onde frequenta. para se ter uma idéia da capacidade do nosso inconsciente, Dr. Bruce Lipton em seu livro a Biologia da Crença, afirma que a memória insconsciente processa algo em torno de 20.000.000 bits de informação por segundo. Enquanto o consciente, processa algo em torno de 40 bits por segundo. Ou seja, o inconsciente tem a capacidade de processar 500.000 vezes mais que o nosso consciente. Esta conta matemática já demonstra claramente a origem do nosso pensamento, ou a origem de quem realmente somos: seres inconsciente com pretensão de sermos consciente!!!
Imaginar Newsletter: Inteligência híbrida – a nova fronteira para INOVAÇÃO?
Estamos prestes a aumentar exponencialmente capacidade humana. Primeiro identificando e conectando os supercapacitados que ainda não possuem acesso às ferramentas de desenvolvimento. Segundo, conectando o córtex humano à nuvem, para amplificar a inteligência humana amplificando a inteligência humana com as interfaces de banda larga conhecidas como Brain-Computer Interfaces (BCI).
Tudo indica que as previsões do futurista, cientista e diretor de tecnologia do Google, Ray Kurtzweil estão cada dia mais próximas de se tornarem realidade. Durante uma Conferência em Nova York (02/06/2015), Kurtzweil explicou que o cérebro humano irá se ligar diretamente à nuvem com milhares de computadores, via nanobots, minúsculos robôs de escala manométrica, feitos de cadeias de DNA. Isto irá aumentar drasticamente a inteligência. Quanto maior e mais complexa essa nuvem, mais avançado será o nosso pensamento, o qual será um híbrido de biológico e não biológico. Em 2040, Kurzweil acredita que o pensamento será predominantemente não-biológico.
Examinando com mais detalhes as redes de cérebros superdotados vemos que seguindo as métricas de Stanford-Binet que medem o QI das pessoas, somente 1% da população se qualifica entre os superdotados. ou seja poderíamos admitir que temos perto de 75 milhões de pessoas que se qualificariam. A pergunta correta é quantos destes poderiam causar um impacto global?
O que o mundo da inteligência híbrida está prevendo, é que nos próximos 6 anos, com a entrada da 5G e as redes de satélites, teremos 4 bilhões de novas mentes se conectando globalmente. Aqui vale o parêntese para lembrar o fenômeno provocado pelo surgimento das casas de café do século 17, que como Peter Diamandis descreve no seu livro The future is faster than you Think está prestes a se repetir com o advento da conexão em rede de cérebros. A primeira casa de café surgiu em Londres em 1652 – Pasquá-Rosée Dez anos mais tarde já existiam 80 casas de café e no século 18 já e contavam mais de 500 casas de café, que eram recintos onde somente os homens podiam frequentar. Nestes ambientes eram discutidos os assuntos intelectuais que visavam a razão e o individualismo em oposição à tradição. E foram destes ambientes reservados é que surgiram as raízes do Iluminismo que foi o hub de inovação que impulsionou o progresso tecnológico da época.
As grandes metrópoles seguem o mesmo modelo com concentrações de pessoas que se unem para fazer troca de informações. Fenômeno conhecido como polinização cruzada nos processos de inovação. Imagine quando todo o globo tiver conectado!!! O tamanho, a densidade e fluidez desta rede irão criar com a entrada de pelo menos mais 4 bilhões de pessoas o MAIOR LABORATÓRIO de INOVAÇÃO que já existiu.
O segundo fator de impulsionamento será a ligação do córtex humano às nuvens. O avanço e aprofundamento da neurociência está permitindo que se entenda cada vez mais como se pode atingir o nível de FLOW. Que segundo Mihaly Csikszentmihalyi, cientista e pesquisador que em 1975, definiu como FLOW o estado mental no qual se atinge criatividade, aprendizado, motivação e conciência plena. Estes conhecimentos permitirão amplificar enormemente as capacidades humanas.
Empreendedores como Elon Musk, com a empresa Neuralink, ou Bryan Johnson com a Braintree, estão investindo centenas de milhões de dólares para desenvolver os implantes cerebrais. O objetivo destes investimentos não é a competição entre o homem e a máquina. E sim, expandir a inteligência humana fundindo as duas capacidades.
A última fronteira a ser ultrapassada é a memória. As experiências bem sucedidas com implantes em pacientes de epilepsia, feitas pelos pesquisadores Dong Song and Theodore W. Berger da USC e pelos pesquisadores Robert Hampson and Sam Deadwyler da Wake Forest University, para expandir a capacidade de cognição e retenção já mostram resultados animadores. Song e seu time desenvolveram um modelo matemático que emula o funcionamento do hipocampo, que é o banco de dado do nosso cérebro responsável pela formação de memórias de longo prazo. O experimento realizado em centenas de vezes em 20 pacientes com epilepsia resultou em um aumento de 30% nas funções de memórias. Este resultado abre novas fronteiras para cura de doenças como Alzheimer assim como caminha na expansão da capacidade cognitiva humana. Resultado: mais INOVAÇÃO acessível para empresas e desafios globais….
Imaginar Newsletter: Mundo Digital… precisa ter coragem
É preciso ter coragem no século 21!! O mundo ainda é jovem!
Aos 81 anos, Domenico de Masi (Ócio Criativo) , acaba de publicar um livro chamado “O mundo ainda é jovem”. No livro o Professor emérito de sociologia do trabalho na Università “La Sapienza” de Roma fala do mundo do século 21 e a necessidade de se ter coragem.
“Para se opor à arrogância, é necessária uma coragem inflexível; para educar a ignorância, é necessária coragem missionária; para erradicar a burocracia, precisamos de uma coragem irônica; administrar a democracia requer coragem organizada”
A tecnologia muda nosso senso de tempo e espaço. Se, com 18 séculos de diferença, Augusto e Napoleão quisessem cobrir a rota entre Roma e Paris, ambos teriam levado uma semana, pelo menos. Hoje, leva apenas algumas horas. Anos atrás, ninguém imaginaria que alguém poderia ir do centro do Rio para o centro de São Paulo em minutos; hoje, graças ao avião, isso é possível. Mas não há apenas o avião: há a ciência da computação com a qual o mundo inteiro está se transformando em uma única ágora, um único quadrado em que tele-aprendemos, tele-trabalhamos, tele-amamos, tele-divertimos. Além disso, o século 21 será marcado pela engenharia genética com a qual superaremos muitas doenças, pela inteligência artificial com a qual substituiremos muito trabalho intelectual, pelas nanotecnologias com as quais os objetos se relacionarão entre si e conosco, a partir das impressoras 3D, com as quais construiremos casa, objetos. Em breve, seremos capazes de produzir carne de frango e de porco sem matar animais, a partir de suas células. Duas empresas monopolizarão todas as sementes necessárias para a agricultura mundial.
Coragem é um conceito que reflete (reage ao) o medo. É a força necessária para acolher o diferente, domesticar o difícil, desvendar o complexo, decifrar o desconhecido. Para evitar astúcia, é necessária uma coragem sutil; para se opor à arrogância, é necessária uma coragem inflexível; para educar a ignorância, é necessária coragem missionária; seguir o líder requer coragem dedicada; para neutralizar a trivialidade, é necessária uma coragem refinada; para erradicar a burocracia, precisamos de uma coragem irônica; administrar a democracia requer coragem organizada; para ignorar a ofensa, precisamos de coragem magnânima.
Existe uma coragem que exige respeito: a nobreza do herói, o talento do artista, a grandeza do gênio, a segurança do cirurgião, o valor do profissional, a iniciativa empreendedora do empreendedor, a magnanimidade de quem perdoa.
Há uma coragem que desperta surpresa: a bravura do espadachim, a imprudência do andador na corda bamba, a segurança do dançarino, o sangue frio do ladrão, a abnegação do socorrista, a visão do conhecedor, a extravagância do dândi, a negociação imprudente do comerciante, o blefe calculado do jogador de pôquer.
Há uma coragem que exige prudência: a resolutividade do irresponsável, a engenhosidade dos autodidatas, a indiscrição do pedante, a indiscrição do pedante, a indiscrição do temerário, a irreverência dos indisciplinados, a arrogância dos eruditos, o orgulho dos primeiros da classe.
Há uma coragem que merece desprezo: a arrogância do padrinho, a presunção do incompetente, a arrogância dos mais fortes, a imprudência dos ignorantes, o insulto dos ímpios, a face do adulador, a grosseria dos rudes, a insolência do belo, a arrogância dos que chegaram, a arrogância dos eruditos.
IMAGINAR NEWSLETTER: Estresse e a inovação (1)
O estresse e a inovação: o sistema de ameaça – fight or flight
O estresse não é simplesmente uma resposta emocional. É um processo fisiológico automático que foi desenvolvido ao longo da evolução humana. Este processo fisiológico é ativado todas as vezes que um estímulo externo percebe algo diferente ou que gere uma preocupação. Este alarme interno pode ser ativado por eventos diferentes e de diferentes intensidades. Como por exemplo, uma decisão complicada, uma discussão de um assunto polêmico durante uma reunião de trabalho, um incômodo gerado com a entrada de um novo membro na equipe, uma discussão mais calorosa com um colaborador. Mas também pode ser gerada por eventos mais cotidianos como enfrentar um tráfico congestionado, estar atrasado, ter que enfrentar filas ou conviver com pessoas que você não tem afinidade. Todos estes pequenos eventos podem gerar o que chamamos de estresse. Cada pessoa tem gatilhos diferentes para o estresse. A mesma situação pode causar reações diferentes, dependendo das particularidades de cada pessoa. E, fundamentalmente das experiências emocionais que cada um teve ao longo da vida.
Quando o cérebro, interpreta alguma situação como ameaçadora ou tensa, todo organismo passa a desenvolver uma série de alterações conhecidas por estresse. O estresse pode ser decomposto em 3 etapas. A ameaça, a adaptação e o esgotamento. A ameaça começa com um gatilho externo. Quando a percepção ativa o circuito de ameaça colocando todos os sistemas corporais em estado de prontidão. Ou seja, todo o organismo é mobilizado para um estado de alerta. É como se estivéssemos, há milhares de anos, nas savanas africanas, e percebéssemos a aproximação de um animal predador. Todos os nossos instintos e sentidos seriam ativados para a fuga ou para a luta.
A adaptação é identificada quando o estresse permanece por um tempo maior. Há milhares de anos, depois que o homem primitivo se safou do perigo, as suas funções biológicas e emocionais retornavam para a posição de equilíbrio. Hoje, o homem moderno vive desafios diários, corporativos ou pessoais, que mantém o sistema de ameaça praticamente ativado. Quando o corpo se acostuma com este tipo de tensão ele entra em um período conhecido como adaptação. Se esta segunda fase se tornar crônica, o corpo entra em estado de esgotamento, vulgarmente conhecido como burnout.
A primeira etapa do estresse: a fuga ou a luta (fight or flight)
A reação de ameaça se inicia quando o cérebro recebe um estímulo externo captado por um dos cinco sentidos. Faz a comparação deste estímulo com as memórias arquivadas e conclui que existe uma ameaça no ambiente. Durante esta fase, o Sistema Nervoso Autônomo (SNA) participa ativamente do conjunto das alterações fisiológicas. O SNA é um complexo conjunto neurológico que controla automaticamente todo o meio interno do organismo através da ativação e inibição dos diversos sistemas, vísceras e glândulas. Se por exemplo você escuta um grito. Este estímulo é captado pelos sentidos e chega até a amígdala cerebral – sistema límbico – que é praticamente a central do nosso sistema de segurança. A amígdala envia um sinal para o hipotálamo – parte do SNA – que inicia a produção de hormônios que serão enviados para várias partes do corpo. Os hormônios liberados entram na corrente sanguínea, chegam nas glândulas suprarrenais para secreção do cortisol. É neste momento, que o processo de estresse se inicia.
A sequência das alterações fisiológicas que ocorrem na fase da ameaça estão abaixo relacionadas:
Como se percebe, nesta fase, a parte simpática do sistema nervoso autônomo está ativada. Toda a circulação sanguínea está direcionada para as áreas do corpo ligadas com a ação. Neste estado, a área pré-frontal do nosso cérebro, onde reside a capacidade de pensar e criar está totalmente desativada. O nosso Tico está no comando. Se lembram do Tico? É o sistema 1, que está no comando. Sempre resolvendo as situações usando as informações e conhecimentos do passado. Nesta situação, não há energia para se pensar e muito menos para inovar. Se as empresas começarem a se preocupar com a saúde mental dos seus colaboradores, mantendo ambientes mais saudáveis e menos estressantes, os resultados da inovação seriam bem mais recompensadores.
O Instituto HeartMath, com o qual trabalho desde 2018, mantém pesquisas atualizadas sobre o impacto do estresse na cognição. A pesquisa científica feita na Motorola com um grupo de gestores e engenheiros mostrou que a redução do estresse contribuiu para melhora tanto das condições fisiológicas – satisfação profissional, melhora na qualidade do sono, quanto para melhora de performance.
O American Institute of Stress (AIS) alega que as três principais causas do estresse são o trabalho, o dinheiro e a saúde. Sendo que o próprio estresse afeta a saúde. As pesquisas realizadas pelo AIS em 2017 indicavam que 77% das pessoas percebiam sintomas físicos do estresse no seu dia-a-dia. E, 48%, alegaram que o estresse tinha aumentado nos últimos 5 anos
IMAGINAR NEWSLETTER: EMPATIA PARA INOVAÇÃO
Você consegue realmente entender as necessidades do seu consumidor? Empatia para inovação.
A forma como nos relacionamos é um elemento fundamental para sociedades, famílias e todas as atividades em que estamos envolvidos na vida cotidiana. A empatia é um comportamento social que liga pessoas. Porém, o entendimento neurocientífico para compreender a base neural do comportamento social empático e adaptativo é recente. Quando observamos os sinais emocionais de outras pessoas, mesmo sem estar fisicamente envolvidos com a ação, ativamos as mesmas regiões cerebrais associadas com aquele movimento, reação, ou atitude. (Schulte-Rüther et al 2007).
Esta reação automática é chamada de espelho, e foi documentado em uma série de estudos e pesquisas (Lamm et al, 2011; Jackson et al 2006). Este fenômeno é realizados pelos neurônios espelhos, que são células nervosas que são ativadas quando eu vejo outra pessoas fazendo alguma coisa. É como se a pessoa que observa estivesse efetivamente fazendo a ação. Este neurônios estão localizados na área do córtex pré-motor que decodificam e imitam movimentos. Até o momento, as pesquisas não conseguiram isolar os neurônios espelhos envolvidos na dor ou emoção, porém as evidências são claras da sua existência.
Estudos em animais podem nos fazer pensar que sentir empatia é um processo puramente automático. Porém, pesquisas mais recentes demonstram que a empatia é um conjunto de habilidades. E, há evidências de que a empatia pode ser moldada pela experiência e pela cultura. Quando criamos caminhos neurais que se tornam hábitos mentais, estamos moldando as reações automáticas do nosso cérebro. E, é com elas que reagimos empaticamente.
Neurocientistas dos Estados Unidos utilizaram as mais sofisticadas técnicas de ressonância magnética cerebral para tentar descobrir a resposta a esta questão. Eles estavam interessados em encontrar os fundamentos do sentimento da empatia diretamente nos circuitos do cérebro. As imagens dos cérebros dos participantes da pesquisa mostraram padrões similares de atividade neuronal iguais como se fosse a própria pessoa sentindo aquelas emoções. Porém, o estudo mostrou que uma pessoa que nunca experimentou, de fato, um sentimento específico, por exemplo ter uma fobia, quando ela observa este sentimento em outra pessoa ela tem dificuldade em ter empatia por meio do mecanismo chamado “espelhamento”. Pois o espelhamento usa a própria experiência anterior para avaliar o sentimento do outro.
Empatia é o que um inovador tem de melhor. Se eu olho os melhores produtos criados pela [Microsoft], eles estão associados com a habilidade de reconhecer as necessidades não atendidas ou não articuladas dos nossos consumidores “(Satya Nadella, CEO da Microsoft)
Nadella, atual CEO da Microsoft, deixou suas intenções de inovação claras desde o primeiro email que ele enviou a todos funcionários em seu primeiro dia como CEO em fevereiro de 2014. “Capacitar todas as pessoas e todas as organizações do planeta para alcançar mais. ” Seu livro“ Hit Refresh ”, publicado em 2017, enfatizou a empatia como o caminho para atingir esse objetivo. Empatia leva ao entendimento e à colaboração, o que ajuda a inovação a avançar na jornada muitas vezes confusa em direção a produtos úteis. Um exemplo desta cultura da empatia, foi contado por Nadella: Uma jovem engenheira recém-chegada da Índia para trabalhar nos US, estava tentando manter próximo o contato com a sua família. Usava o Skype uma vez por semana. Mas a conexão da internet onde seus pais moravam não era boa. E, Swetha Machanavajhala, surda de nascença, tinha dificuldade de ler os lábios de seus pais usando o Skype. Foi desta dificuldade, e desta percepção empática que Swetha integrou ao Skype funcionalidades para minimizar as diferenças entre os times de desenvolvimento.
Pense em algumas das habilidades e atributos não cognitivos específicos que levam a inovações bem-sucedidas – uma compreensão perspicaz do usuário final; conexões colaborativas com colegas em um design integrado; e uma verdadeira abertura ao mundo ao redor. Como se pode perceber na visão dos inovadores, como Satya Nadella e outros, uma habilidade fundamental para os inovadores, é a empatia. Com ela se pode olhar o mundo na perspectiva do outro. A pergunta que inovadoras precisam inserir em seu cotidiano é: “Como posso, como inovador, ajudar a preencher lacunas e necessidades na vida das pessoas?”
A empatia pode ajudar não só aos outros, como também a nós mesmos. “Ver o mundo conectado no olhar do outro facilita a comunicação, cria laços, fortalece, promove a solidariedade e permite aprender com a experiência do outro”, diz a psicoterapeuta Socorro Leite. Se você deseja se relacionar saudavelmente, precisa aceitar e compreender os sentimentos e emoções das outras pessoas. “Essa conduta nos leva a agir com mais respeito, lealdade, transparência e generosidade. Afinal, todos queremos um mundo mais pacífico, justo, colaborativo e sustentável”, ressalta.
Segundo uma pesquisa da Universidade Estadual de Michigan, nos Estados Unidos, o brasileiro não está entre os povos mais empáticos do mundo. O Brasil ficou em 51º na lista entre 63 países pesquisados, atrás o Equador, Arábia Saudita, Peru, Dinamarca e Emirados Árabes. A boa notícia é que a empatia pode ser aprendida. Graças à maleabilidade dos circuitos neuronais do nosso cérebro, a chamada neuroplasticidade, a empatia e a compaixão nunca são fixas, ou seja, é possível reprogramá-las para que sejamos mais compreensivos em pequenas escolhas no dia a dia.
Algumas dicas para aumentar a sua empatia:
IMAGINAR Newsletter: Algumas verdades sobre a nossa memória
Você já reparou que um mesmo evento pode ser contado por duas pessoas de maneira totalmente diferente. Talvez não a essência, porém os detalhes.
Por exemplo: você se lembra do vestido que a irmã de uma amiga estava usando no casamento da sua prima? O quê!!! Nem me lembrava que tinha ido a este casamento! Pois é, é assim que nossa memória funciona. Eu, por exemplo, apaguei um monte de informação dos meus 18 a 19 anos. Vira e mexe, meu irmão me cobra detalhes que eu nem me lembrava mais, como por exemplo um carro chevette alaranjado que eu tinha. Só me deu trabalho. Vivia estragando… o pior é que meu irmão depois comprou o carro de mim!!! Talvez por isto ele se lembre e eu não deste carro que só dava trabalho.!!
Nossa memória não é exatamente igual a um computador. O que você salvou na CPU certamente ficará guardado e poderá ser recuperado integralmente em qualquer momento. Conscientemente não conseguimos fazer a mesma coisa com a nossa memória. O nosso cérebro codifica os estímulos em pequenas combinações de neurônios no córtex e no hipocampo e guarda na memória de longo-prazo que fica na amígdala e no gânglio basal. Para em algum momento futuro poder recuperar. Porém, cada recuperação feita na memória, neurônios são agrupados e recodificados por semelhança, não por igualdade. Grupos de neurônios, não exatamente idênticos aos originais, serão ativados, o que pode ocasionar mudanças, má informação ou interferência, quando recuperamos memórias de algum evento do passado. Especialmente se o cérebro perde o detalhe inicial do evento. Neste caso, ele preenche por semelhança com as informações existentes na memória, para dar sentido ao evento que se deseja lembrar.
Na verdade, nunca conseguimos acessar a memória se não prestarmos atenção. O cérebro tem uma capacidade de guardar cerca de 2,5 petabytes de informação – cerca de 1 milhão de Gigabytes!!!. Suficiente para toda uma vida. Para usar este potencial é preciso engajar ativamente e manter o cérebro saudável e em crescimento.
Em estudo recente feito por pesquisadores ingleses foi identificado que 38,6% dos 6.641 participantes conseguiram lembrar de memórias quando tinham 2 anos ou menos. Para investigar as memórias, os pesquisadores pediram que as informações pudessem ser validadas com fatos investigáveis, como fotos ou estórias de famílias com datas, ou qualquer outra fonte fidedigna. A grande maioria das lembranças não pode ser comprovada. Isto porque, a nossa consciência começa a ser formada por volta dos 6 ou 7 anos. Uma verdade inquestionável é que nossas memórias só são reais desde a última vez que nos lembramos. Pois, todas as vezes que recorremos ao passado, reconfiguramos ou reconsolidamos a estrutura neural da memória., transformado as memórias existentes.
Em 1968, Richard Atkinnson e Shiffrin desenvolveram um modelo de 3 estágios de memorização. O registro sensorial, o processamento de curto-prazo na memória executiva no córtex pré-frontal e memorização de longo prazo.
A informação que entra pelos sentidos – principalmente visual e auditiva – é guardada somente por alguns segundos: entre 0,25 a 05 segundos, apesar de existir uma grande capacidade de obtenção de informação. Somente uma pequena parte destes estímulos sensoriais chegam até a memória executiva que guarda de 7 a 8 itens de informações por 18 segundos. Memória de longo-prazo tem uma capacidade infinita. As informações guardadas permanecem por toda vida. O que não quer dizer que podemos recuperar a qualquer momento. É necessário que o neurônio certo seja ativado com as mesmas conexões para restabelecer as mesmas memórias.
“Memória não é uma questão de tentar lembrar. É para fazer melhor da próxima vez,” afirmam Jeff Zacks (Universidade de Washington em St. Louis) e Chris Wahlheim (Universidade da Carolina do Norte).
Eles chegaram a essa conclusão depois de reunir e analisar várias teorias emergentes das funções cerebrais que sugerem que a capacidade de detectar mudanças no ambiente e nas pessoas desempenha um papel crítico na forma como vivenciamos e aprendemos com o mundo ao nosso redor.
O resultado é um modelo, batizado de “Teoria da Comparação e Recuperação de Eventos pela Memória”, que sugere que o cérebro compara continuamente informações sensoriais de experiências em andamento com modelos de trabalho de eventos semelhantes no passado, que ele constrói a partir das memórias relacionadas ao que está acontecendo agora.
Quando a vida real não bate com o “modelo de evento”, os erros de previsão tornam-se mais prováveis e a detecção de uma mudança desencadeia uma cascata de processamento cognitivo que reconecta o cérebro para ajustar as memórias. Neste caso estamos sujeitos aos viéses cognitivos, que estão presente no nosso dia-a-dia e na nossa vida profissional
Diversidade química: da amorosa para profissional. Como usar a neuro-química para times de inovação?
Quando se aprofunda o conhecimento sobre a química hormonal que está na base do nosso mindset,segundo a antropóloga e pesquisadora Helen Fisher, pode-se identificar quatro grandes grupos hormonais que se manifestam: dopamina/noradrenalina (explorador) , serotonina (construtor), testosterona (diretor) e estrogênio/oxitocina (negociador). Cada um destes grupos hormonais está relacionado com traços da personalidade, que segundo a antropóloga, são a base do nosso temperamento e que são herdados geneticamente dos nossos pais. As principais características dos 4 tipos de personalidade estão apresentados na figura abaixo.
Figura 1 – Perfis da diversidade química amorosa Helen Fisher
Como estes tipos de personalidade oriundas da química neural se relacionam com os perfis de personalidade mais utilizados no mundo corporativo?
Confrontada com testes de personalidade como o Myers-Briggs, talvez o mais adotado corporativamente, Dr Fisher ressaltou pontos importantes que foram comprovados cientificamente na sua pesquisa e que não necessariamente se refletem nos perfis Myers-Briggs. A explicação plausível, segundo a pesquisadora é que tipologia Myer-Briggs foi desenvolvida por Katharine Briggs e sua filha Isabel Briggs , durante a segunda guerra mundial, há quase 70 anos atrás, quando a tecnologia ainda estava embrionária. Os desenvolvimentos psicológicos e psiquiátricos eram baseados em modelos intuitivos, que embora importantes até o momento, começam a ser questionados em virtude dos conhecimentos trazidos pela neurociência.
As 4 dimensões da tipologia Myers-Briggs sentir/intuir, pensar/sentir, extrovertido/introvertido e julgar e perceber, combinadas indicam 16 tipos de personalidades diferentes. O que os especialistas mencionam é que os tipos Myers-Briggs não foram criados para formação de times, especialmente os de inovação. Reconhecer as suas próprias preferências e estilos, sem dúvida favorece e minimiza o conflito dentro do espaço de trabalho. Porém , o foco principal está no autoconhecimento.
Na dimensão do julgamento, o sentir e intuir, o teste mede a química do estrogênio/oxitocina versus a testosterona. Enquanto, na orientação para o mundo externo, o julgar e perceber, a química é a dopamina versus os traços de serotonina. Nestas duas dimensões, segundo Dr. Fisher existe uma equivalência de conceito. Entretanto, na dimensão da percepção, perceber ou intuir estão relacionados com os traços do estrogênio versus serotonina, que no cérebro podem ativar áreas semelhantes. Quando se pensa no cérebro como um sistema complexo e totalmente integrado, não existem posições dicotômicas, e sim expressões de personalidades que são mais fortes do que outras. Porém, todas as químicas coexistem no cérebro e estão interligadas.
A Deloitte em 2017, fez a transposição do modelo amoroso da Dr. Fisher para o mundo organizacional criando um sistema chamado de Business Chemistry(A química do negócio). A pesquisa para ajustar a química amorosa da Dra. Fisher para o mundo corporativo envolveu três amostras de mais de 1000 profissionais cada uma delas. Desde então o modelo da Deloitte já foi usado por mais de 190 mil pessoas para determinar cada uma das personalidades responde ao estresse, e quais as condições ambientais em que cada um dos estilos consegue obter os melhores resultados. Algumas diferenças entre os dois modelos podem ser observadas. Principalmente na semântica que difere entre o mundo amoroso e o mundo organizacional. Na figura 2, temos a diversidade química organizacional e na figura 1 a diversidade química amorosa. Podemos observar que o pioneiro é o explorador amoroso, o integrador é negociador amoroso, o direcionador é o diretor amoroso e por final, o guardião é o construtor amoroso.
Figura 2 – Perfis da diversidade química Deloitte
O importante não é identificar as diferenças entre os dois modelos, e sim entender como explorar as potencialidades de cada perfil. Além de entender que personalidades diferentes podem ter interesses em comum, o que pode aproximar diferentes perfis na criação de times. Por exemplo, da pesquisa de Fisher vimos que exploradores atraem exploradores, assim como construtores. Porém, diretores são atraídos por negociadores. Descobrir os aspectos operacionais que são comuns ajuda a fazer o trabalho fluir de maneira mais criativa. Estes ajustes requerem tempo e esforço porém, o resultado da diversidade química organizacional potencializa os resultados.
Quais as dicas para minimizar as diferenças entre os times e gerir minorias de personalidades químicas nos times de inovação?
Um único cérebro e dois MINDSETS
Imagine a seguinte cena: Você é um jovem adulto chegando a universidade para a sua classe favorita. Hoje será o dia da entrega da prova final. A sua expectativa está alta, pois tanto o professor quanto o conteúdo desta disciplina têm sido muito motivadores. O professor está entregando o resultado do exame final e a sua nota foi um pouco acima da média para passar. Desanimador! Ao sair da escola, descobre que para não chegar atrasado a sua aula preferida, você estacionou em local não permitido e acabou levando uma multa. No caminho de casa, querendo desabafar com seu melhor amigo, faz uma ligação e recebe como resposta “cara, agora não dá, me liga mais tarde!”. Como você se sentiria depois destes episódios acumulados em um mesmo período? Frustrado? Rejeitado? A vida não está sendo generosa, seu professor querido e admirado parece não gostar de você … Ou, olharia esta mesma situação como um ponto de interrogação. Quem sabe precisa ter mais atenção, estudar mais, ser mais cuidadoso na hora de estacionar o carro, entender que seus amigos não estão disponíveis 24 por 7. Qual das duas reações seria mais compatível com você?
A professora da universidade de Standford Carol Dweck define em seu livro “Mindset: A nova psicologia do sucesso”, o mindset como crenças que as pessoas têm sobre a natureza das características humanas. Especificamente, o conceito de mindset está centrado na crença de se poder ou não alterar os traços ou as características pessoais. Se as pessoas acreditam que os traços – como inteligência, personalidade, habilidade esportiva, musical etc. – não são controláveis e por isso não podem ser mudados, elas endossam o mindset fixo. Se, por outro lado, as pessoas acreditam que essas características são controláveis e mutáveis com esforço, elas endossam o mindset de crescimento.
As pessoas que acreditam que nasceram inteligentes e que essa capacidade inata é definitiva usam preferencialmente o mindset fixo. Essas pessoas sabem que são capazes, gostam de ser admiradas pelo que sabem, e se sentem frustradas com o erro, além de entenderem as críticas como ofensas pessoais. No caso do jovem adulto que teve um dia ruim, se ele tiver mindset fixo, a sua reação é uma sucessão de pensamentos negativos. Se sentirá frustrado, perdido, traído pelo melhor amigo que não o atendeu, acha que o professor da sua matéria preferida é um sacana. Olha para o mundo como se fosse uma enorme conspiração contra si próprio.
Por outro lado, existem pessoas que sabem analisar os fatos reais de uma maneira mais positiva. E entendem que podem mudar drasticamente a maneira como pensam. E, com isso, podem alterar suas crenças. “Não é o mundo que está conspirando contra mim. Sou eu mesmo que preciso mudar. Ser mais atento e cuidadoso! “ Estas são pessoas que ficam no extremo oposto do espectro do mindset. São entituladas de mindset de crescimento. São pessoas que sabem trabalhar com seu grau de atenção e comprometimento para fazer uma mudança deliberada. Ao contrário das pessoas de mindset fixo, essas pessoas entendem que as críticas e os erros são essenciais e representam um alerta para que aprendam. Sabem que para cresceram , chegarem na excelência terão que se esforçar.
Na verdade, somos uma combinação dos dois tipos de mindset. O que precisamos perceber é qual deles é mais predominante, pois, será ele que determinará a maneira como penso e reajo frente aos desafios do dia-a-dia. O mindset praticamente permeia em todos os momentos da nossa vida. Quer seja na escolha de palavras e atitudes, quer seja na interpretação de como eu leio um anúncio ou um artigo e me posiciono com relação ao que li.
Um estudo publicado na revista Science em 2015, mostrou que existe um desbalanceamento de gênero entre mulheres e homens nas disciplinas relacionadas com as áreas ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Uma das causas apontadas neste estudo são os estereótipos criados de que as mulheres não possuem este tipo de talento. Será que talento é uma capacidade nata ou pode ser desenvolvido? No estudo publicado em 2015, Sarah-Jane Leslie e seus colegas, descobriram que em alguns campos técnicos, se acredita que talentos são natos e pertencentes ao gênero masculino. Este tipo de comportamento retrata o mindset fixo que privilegia gênero e não capacidade de aprendizado.
O X da questão é como as empresas estão se posicionando frente a esta mentalidade? Quando se observa anúncios de contratação ou a busca desenfreada por talentos é nítida a obsessão pelo candidato mais inteligente, brilhante e com currículo exemplar. Em termos de mindset de crescimento, seria mais adequado buscar candidatos que estão abertos ao aprendizado contínuo e que busca desafios novos. Em uma pesquisa de empresas de contratação americana foram analisados o texto dos anúncios colocados pelas empresas para ver se a construção da frase de contratação tinha um sentido de mindset de crescimento ou fixo. E, se por causa desta frase houve ou não um viés de contratação pendendo para o gênero masculino. O resultado da pesquisa mostrou que em média as posições preenchidas por mulheres tendem a ter duas vezes mais palavras ou sentenças que remetem ao mindset de crescimento como: busca pelo desenvolvimento, altamente motivacional, comprometimento e aprendizado. Outra constatação da pesquisa foi que os postos com alta densidade de palavras que remetem ao mindset fixo são preenchidos 11 vezes mais lentamente.
Este exemplo comprova que o que pensamos e como nos comunicamos é um reflexo das nossas crenças e tem um impacto direto na construção da nossa realidade. Dói profundamente fazer mudanças na forma como pensamos. Se as crenças que temos sobre nós mesmos e sobre o mundo não forem alteradas, não conseguiremos mudar capacidades e comportamentos. Pois, são as crenças que motivam ou inibem as nossas capacidades e nossos comportamentos. Como neurologicamente as nossas crenças estão ligadas ao sistema límbico, que é inconsciente, temos um desafio grande. Podemos perceber o sentimento decorrente da nossa emoção, porém não temos controle sobre elas. Para mudar o nosso mindset, temos que ter consciência sobre as nossas crenças. que não é fácil! Para isso, precisamos nos autoconhecer, perceber como pensamos, como nos comportamos e como reagimos a determinados estímulos externos e internos. O passo seguinte é criar novos hábitos e, para isso, é preciso ter disciplina e esforço. A repetição de novos hábitos gera novos comportamentos,
novas capacidades que formarão novos caminhos neurais que, ao se sedimentarem, se tornarão novas crenças. Um mesmo cérebro, mas com opções de caminhos neurais, que geram dois tipos de mindset.
Diversidade como estratégia de INOVAÇÃO
Como preparar uma organização ou negócio para as transformações aceleradas do século XXI? Como desenvolver estratégias para maximizar o desempenho da inovação? Como escolher um time que tenha capacidade de se reinventar e construir soluções novas a cada novo desafio que surge? A resposta para estas perguntas está intimamente relacionada com MINDSET – como as pessoas pensam e agem – que por sua vez está intimamente ligada com a diversidade.
Empresas que abraçam a diversidade adquirem perspectivas diferenciados do mercado e das transformações, além de desenvolverem soluções mais inovadoras, são capazes de correr mais riscos, resolver problemas mais criativamente, serem mais resilientes e transformarem desafios em oportunidades. Mas as estatísticas mostram que buscar a diversidade é bem mais complicado do que se imagina. O Instituto BCG Henderson fez uma pesquisa com as empresas globais para avaliar o seu progresso em se tornarem mais diversas nos últimos 10 anos. Em termos de gênero, maior participação das mulheres nos cargos de liderança aumentou 2% de 2009 para 2018. Em 2009 o percentual de mulheres líderes era de 26% e em 2018 esse indicador passou para 27%.
Aparentemente, as organizações se tornaram homogêneas para responder ao desafio da produtividade. Grupos homogêneos requerem menos esforço para serem treinados e executarem uma tarefa. Tarefa aprendida e repetida inúmeras vezes se torna um tarefa automática. Que tende a produzir menos erros, e por consequência aumenta a produtividade. Além da produtividade, outro aspecto relevante da homogeneidade é a visão do negócio. Estratégia Porteriana ensina a focar nos competidores. Se olharmos as 5 forças fundamentais de Porter, somente uma das forças foca no consumidor. Os negócios que surgiram, cresceram e prosperaram no século passado se basearam no competitividade do segmento de mercado e nos competidores. Os colaboradores se tornaram conhecedores do seus concorrentes, do seu mercado e do seus produtos. Mindsetmoldado para o negócio. Hoje, a visão de negócio precisa ser muito mais abrangente e eclética e está mais aderente a heterogeneidade do que para a homogeneidade.
Em abril de 2017, na pesquisa realizada pelo Instituto BCG Henderson foram avaliadas as percepções da diversidade em 6 dimensões: gênero, idade, nacionalidade, carreira, experiências em indústrias e educação. A grande contribuição da pesquisa foi identificar a correlação existentes entre diversidade e inovação. Empresas que tinham percentuais de diversidade acima da média apontaram um receita de inovação 19% maior que as empresas que apresentaram percentual de diversidade abaixo da média. Ou seja, a receita de inovação de empresas pouco diversas foi de 26%, enquanto as com níveis mais altos de diversidade apresentaram resultado da receita de inovação de 45% oriundas de produtos ou serviços criados nos últimos 3 anos. A maior correlação existente entre as 6 dimensões com a inovação foram nacionalidade, experiências em indústrias diferentes, equilíbrio de gêneros e carreiras.
Diversidade também está relacionada com resiliência. As rápidas mudanças tecnológicas impulsionando novos modelos de negócios, criando uma dinâmica complexas aumenta sensivelmente a incerteza do ambiente de negócios. o índice de mortalidade de empresas de capital aberto é 6 vezes maior que era a 40 anos atrás. Resiliência é a capacidade de sobreviver e progredir em ambientes de incerteza. Quando uma empresa aumenta sua capacidade de percepção, ou amplia a sua capacidade de ler os sinais do mercado, ela tende a antecipar possíveis mudanças e a se preparar com ideias e soluções mais inovadoras.
Ser confiante que o sucesso do passado se perpetuará no futuro, pode ser uma grande ameaça para o negócio. Sem contar que pode gerar efeito manada, que é um viés cognitivo também conhecido como Group Think. O maior desafio da diversidade está no próprio ambiente organizacional que não privilegia a sustentabilidade da diversidade. Aliás, uma frase comum de se escutar na Amazon, dita com frequência pelo seu fundador Jeff Bezos é que fracasso e inovação são gêmeos inseparáveis.
Todos olham para os mesmo mercado, para o mesmo setor, para os mesmos concorrentes, e levam susto quando descobrem que estão sendo derrotados por pequenas start-ups novas no mercado, porém, que entregam soluções muito mais valorosas para o consumidor. Efeito manada significa que estou habituado a pensar naquilo que sei e conheço, e meu foco é entregar valor para empresa e não para o consumidor. Entregar valor para o consumidor significar longevidade. E o consumidor está mudando de hábito com muita rapidez. Se a empresa não consegue perceber e antecipar estas mudanças de hábito, a sua vulnerabilidade estará aumentando também aceleradamente. Se estes fatos estão se tornando a cada dia mais contundentes porque as empresas não conseguem aumentar a diversidade para aumentar a inovação? O maior desafio da diversidade está no próprio ambiente organizacional que não privilegia a sustentabilidade da diversidade.
Segundo o Instituto BCG Henderson existem 5 elementos fundamentais para a sustentabilidade da diversidade organizacional. O primeiro é a liderança participativa, onde todos são ouvidos e a diferenças respeitadas. Segundo elemento é ter a diversidade defendida pelo CEO como estratégia de crescimento e inovação. Terceira é a comunicação aberta, transparente e respeitosa em todos os níveis da empresa. Quarta é a abertura para novas ideias, entendendo que errar significa aprender. Correr riscos educados, dentro de limites definidos faz parte da capacidade de inovar. Por último, é ter práticas justas e equivalentes para todos, independentes da origem, gênero ou raça.
Tecnologia tem um papel importante na efetivação da diversidade. Inteligência artificial, por exemplo, tem influenciado na substituição de posições de trabalho. Principalmente nos cargos que requerem menor capacitação intelectual. Nestes cargos, a estatística indica que são posições atualmente preenchidas por mulheres. Por outro lado, tecnologias como a neurociência podem ajudar na identificação de pessoas. Pessoas com mindset de crescimento ou pessoas que sejam menos resistentes e menos enviesadas cognitivamente.
Além disso, a tecnologia pode ajudar a identificar e estruturar times multifuncionais com capacidades complementares que ajudem em processos de inovação. Para que a diversidade possa florescer o primeiro passo é conscientizar os próprios gestores e colaboradores de como os seus vieses cognitivos originados do seu mindset sãoimpeditivos para que a transformação aconteça. Capacitar as equipes para que se conscientizem de como pensam, agem e tomam decisão é uma escolha inicial importante e fundamental para inserir a diversidade no dia-a-dia da empresa.
Como sugestão para verificar o seu grau de resistência ou viés para a diversidade o IAT – Implicit Association Test, avalia o seu grau de viéses inconscientes para vários tipos de fatores de diversidade como gênero, raça, cor, etc. e foi criado em 1995 por cientistas que estudavam a influência das memórias implícitas e explícitas na tomada de decisão.
Estudos genéticos mais recentes sugerem que a interação dos genes do nosso DNA influenciam o comportamento e se expressam como uma constelações de características que definem os tipos de personalidades. O que levou a Dra. Helen Fisher antropóloga e pesquisadora e estudiosa das relações amorosas, a definir quatro grandes tipos de personalidades relacionadas com a dominância química que é produzida no cérebro quando as pessoas se apaixonam. O grupo dos exploradores ativado pela presença da dopamina, os construtores ativado pela serotonina, os diretores relacionado com a testosterona e os negociadores relacionado com o estrogênio/oxitocina. Os grupos estão apresentados na figura abaixo.
Pensar em diversidade para inovação em termos de cognição, ainda é mais desafiador do que pensar em diversidade de gênero, raça, etnia, formação ou cultura. Mas o seu impacto pode ser bem mais profundo e transformador.
No nosso próximo post serão explorados com mais profundidade os quatro tipos de de diversidade neuro-química e como eles foram adaptados pela Deloitte desde 2017, para a gestão de times multidisciplinares.