CRISPR biotecnologia de editar o DNA
O sistema CRISPR (do inglês Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats), tecnologia que permite aos pesquisadores alterar facilmente as sequencias de DNA e modificar a função genética.
CRISPR tem o potencial para se tornar uma força importante na ecologia e na conservação ambiental, especialmente quando combinada com outras ferramentas de biologia molecular. Como por exemplo, na criação de genes que retardem a disseminação de espécies invasoras como ervas daninhas. A identificação de genes responsáveis por um dado fenótipo de interesse é facilitada pelo sistema CRISPR/Cas9, devido a sua habilidade de alterar diferentes alvos, individualmente ou mesmo simultaneamente. A proteína Cas9 é uma enzima que corta DNA estranho. Aplicações baseadas em Cas9 na indústria agrícola e em setores da saúde humana encontram-se em crescimento acelerado.
Pesquisadores da Universidade de Chicago acabaram de usar o CRISPR para criar resistência genética em ratos para a cocaína. Depois de receberem o tratamento CRISPR, os ratos tiveram menor propensão para buscar a droga. Ou seja, os ratos se tornaram imunes a overdose de cocaína que poderia matá-los.
Esta pesquisa representa um grande progresso na biotecnologia. O avanço de CRISPR tem sido exponencial e este ano já foi editado o gem para erradicação da malária nos mosquitos transmissores. Mitigar os efeitos da cocaína será um poderoso instrumento para combater o vício da cocaína em pessoas. O uso desse sistema tem destaque especial na terapia de HIV através do bloqueio da proliferação do vírus assim como vem sendo amplamente estudada como ferramenta na cura de doenças genéticas como a falha genética causadora da catarata foi corrigida e a distrofia muscular.
As pesquisadoras que primeiramente desvendaram o mecanismo de funcionamento do sistema CRISPR, duas da Universidade da Califórnia em Berkeley, Jenifer Doudna e Jill Banfield, e a francesa Emmanuelle Charpentier, patentearam o sistema pensando no potencial para testes diagnósticos de vírus. Publicaram seus achados na Science em 2012, e seguiram-se uma enxurrada de premiações, milhões de dólares captados para as empresas de biotecnologia que fundaram e sua inclusão na lista das 100 pessoas mais influentes no mundo pela revista Time. Enquanto isso, a DuPont anuncia que alimentos editados com CRISPR estarão em nossas mesas em menos de cinco anos. Eles também patentearam usos do sistema para modificar sementes e probióticos.
Apesar do otimismo despertado pelo desenvolvimento na utilização desta nova ferramenta da biotecnologia, os riscos envolvidos na manipulação genética indiscriminada de organismos não devem ser minimizados em prol de interesses de mercado.