IMAGINAR NEWSLETTER: Inovação e a destruição criativa

Depois de 23 anos ou mais atuando como CEO, consultora ou professora da disciplina de inovação, posso dizer que existe uma grande GAP entre o que os executivos entendem por inovação e o que inovação realmente é!!!. Estou ‘sentindo na pele” neste exato momento em que estou tendo uma interação com uma  grande empresa do setor elétrico, a dificuldade do entendimento da essência do que é inovação em conjunto com os impactos da industria 4.0 na transformação dos negócios. As definições são bem estruturadas e clássicas como se estivessem saindo de um manual de boas condutas como um colaborador desta empresa citou ao falar de inovação e o impacto da indústria 4.0 na empresa : “é alocar adequadamente recursos humanos e financeiros em projetos que demonstrem a originalidade, aplicabilidade, relevância e a viabilidade econômica de produtos e serviços, nos processos e usos finais de energia.” A descrição das ações estratégicas também parece uma redação legislativa que define e limita as formalizando:  “… o foco é tecnológico, fortemente estruturado em digitalização, que privilegiam projetos estruturantes, de alto impacto no negócio e com possibilidade de gerar soluções em novos serviços, produtos e negócios da Companhia“.

 

A destruição criativa ou destruição criadora em economia é um conceito popularizado pelo economista austríaco Joseph Schumpeter em seu livro Capitalismo, Socialismo e Democracia (1942) e hoje entendemos claramente que o processo de inovação abre oportunidade para novos produtos destruírem empresas velhas e antigos modelos de negócios.

Bom… se inovação não é o que está descrito acima, então o que é inovação? Existe um falso entendimento de que a inovação é simplesmente inserir tecnologia com criatividade. Existe uma escala de criatividade para criar algo novo. No primeiro nível desta escala voce cria algo novo em cima de algo que já existe. Isto é incremental. No segundo nível você  cria algo novo ou usando uma alavanca de tecnologia nova ou criando um novo modelo de negócio.  A ultima etapa desta escala é quando se cria algo totalmente novo com tecnologia, sem precedentes anteriores.

A trajetória de desenvolvimento da inovação provou repetidas vezes que este tipo inovação conhecida por inovação transformacional não é simplesmente fazer algo novo, é destruir a ordem existente das coisas e pensar em um novo mercado, com uma nova solução. É por isso que quase todas as organizações estabelecidas falam de inovação incremental ou de modelo de negócio mas, são avessas à inovação transformacional.  Este tipo de  inovação é uma ameaça existencial para os gestores, incluindo os próprios inovadores.  E o pior… é que ela nasce primordialmente FORA da empresa líder de mercado. Ela é oriunda de um MINDSET totalmente diferente do MINDSET atual da empresa.

A inovação transformacional que aconteceu no setor de papel que digitalizou os documentos que eram copiados não foi antecipada pela liderança da Xerox, certamente não na rápida escala de tempo da revolução digital. O mesmo aconteceu com a evolução da telecomunicação, que teve seu boom em 1996 com a promulgação da Lei das telecomunicações no USA, aliado ao boom da internet. Esta febre levou todos a crerem que a demanda por banda larga cresceria indefinidamente.  Aliás, foi o que aconteceu nos dois anos seguintes. Num período de 5 a 6 anos as empresas de telecomunicação investiram algo em torno de 1 trilhão de dólares na instalação de cabos por todo o mundo. Até que em 2002 pesquisadores australianos lançaram o Wi-fi. Mais uma vez, a tecnologia que começou a quebrar os monopólios não nasceu dentro da casa dos líderes de mercado! E desde então, este movimento da ruptura tem se acelerado com velocidades inacreditáveis.

Quando vejo as empresas pensarem em inovação e falando em inovação disruptiva, na minha experiência, as empresas estão pensando em usar novas tecnologias para aumentar a performance do que já existe, ou mesmo criando uma nova linha de negócios… para o mesmo mercado. Veja por exemplo o caso do agronegócio. Estão investindo em tecnologias para transformar o trator em autônomo. Aumenta performance, cria um novo tipo de valor. Desloca o operador do trator do mercado reduzindo custo e aumentando performance…. porém, a tecnologia está trazendo as fazendas verticais. O que são fazendas verticais? São galpões reformados usando tecnologia LED para crescer folhagens orgânicas dentro dos grandes centros, economizando água, diminuindo a emissão de carbono porque a logística reduz drasticamente. Fazendas verticais são inovações transformacionais.  Provavelmente tornará  obsoleta alguma outra linha de negócios dos fabricantes de tratores!!!

 

Outro exemplo recente no setor elétrico são as torres eólicas e solar de grafeno para geração de energia limpa e utilizando processos e recursos naturais que são continuamente reabastecidos. Por ter duzentas vezes a condutividade elétrica melhor que o cobre e a resistência maior que o aço, o grafeno, também chamado de “ouro cristalino” é, sem dúvida, uma solução revolucionária na geração e distribuição de energia. Será que teremos aí um outro exemplo de ruptura a caminho com modelos de negócios descentralizados e na mão dos consumidores???? Só o tempo dirá!!!!

Falar de inovação é sempre muito mais fácil do que torná-la um processo sistêmico na empresa. Os modelos tradicionais que vieram do século passado eram lineares, centrados em pequenas equipes (P&D) e eram uni-direcionais. Ou seja,  a empresa criava o que ela achava que o consumidor queria e empurrava para o mercado o seu produto, serviço, tecnologia ou processo. Com a virada do século, este processo foi catapultado com a conectividade. Hoje, quem decido o que usar, quando e onde comprar é o consumidor. As empresas para sobreviverem estão tendo que criar novos processos  para endereçar rapidamente a constante e intensa mudança de hábito dos consumidores. Que são muito mais exigentes, mais demandantes e compram experiência pelo menor preço e de qualquer lugar o planeta.

Espero que depois de ler este artigo, voce como inovador esteja preparado para fazer as escolhas estratégicas para aproveitar as oportunidades que estão surgindo no mercado. Aqui vão algumas dicas para ajudar:

1 – Forme um time multifuncional com pessoas que tenham MINDSET de CRESCIMENTO. Que sejam capazes de trazer novas perspectivas e novos conhecimentos para a sala de discussão

2 – Crie cenários de possibilidades, avaliando as mudanças de hábitos do consumidor e os gaps de oportunidades que surgiram ou irão surgir no mercado. Será preciso CRIAR o futuro antes que ele aconteça!!!

3 – Avalie os recursos e competências existentes no negócio. Expanda seu olhar para o seu eco-sistema ou até para outros sistemas ou áreas de negócios. Invista em novas parcerias.

4 – Priorize e pivote redirecionando os investimentos. Sprints semanais.

5 – Desenhe, desenvolva e recrie seu  modelos de negócio. Seu consumidor poderá ser OUTRO em pouco tempo!! é preciso ANTEVER

Se precisar de ajuda não hesite em nos contatar. IMAGINAR SOLUTIONS há mais de 20 anos trabalhando com INOVAÇÃO em grande e médias empresas. Entre em contato solange@imaginarsolutions.com.br