IMAGINAR NEWSLETTER: Diversidade e Inovação (2)
Este é o segundo post sobre o tema da diversidade. Neste post, vamos aprofundar o tema da diversidade trazendo indicadores e resultados de pesquisas realizadas nos últimos anos que comprovam que a homogeneidade das empresa pode ser uma grande barreira para os desafios do mundo VUCA. Século passado tínhamos problemas, que eram resolvidos com agilidade, inteligência de mercado, análise, benchmarking, gestão de processos, etc… para minimizar os impactos da incerteza e da volatilidade. Agora, os desafios são na verdade paradoxos, para os quais as soluções aparentemente são o oposto do que alguém pensa ser a verdade”. O mais desafiador é que os problemas e os paradoxos se confundem e se entrelaçam dentro do ambiente organizacional. Quem define e dá a palavra final é a percepção do gestor. Que pode ser enviesada em função do seu MINDSET. Mindset fixo são sempre gestores mais resistentes e com mais dificuldade de olhar o novo como uma oportunidade de aprendizado Portanto, estes gestores têm mais dificuldades de lidar com os paradoxos organizacionais. Enquanto os gestores de mindset de crescimento estão mais preparados para perceber que existem possibilidades diferentes para se resolver desafios novos. Estes gestores têm uma percepção mais ampliada do desafio e portanto maior capacidade de perceber a diferença entre um problema e um paradoxo. O primeiro grande desafio atual do gestor é : como distinguir um problema de um paradoxo?
Barry Johnson autor da gestão de paradoxo define paradoxo como elementos contraditórios, inter-relacionados que co-existem dentro de uma organização simultaneamente e resistem ao longo do tempo. As tensões paradoxais são formadas por meio de diferentes fontes , entre elas as mensagens ambíguas, os ciclos recursivos e as contradições do sistema. São forças que coexistem ao mesmo tempo como por exemplo: eficiência e inovação; controle e autonomia; qualidade e custo; incremental e radical; curto prazo e longo-prazo. As reações a essas tensões podem causar ciclos viciosos de resistências que decorrem de forças organizacionais como inércia, mindset que geram estresse e ansiedade. Estes ciclos viciosos prejudicam desempenho e a INOVAÇÃO. Por outro lado, quando a empresa aprende a lidar com os paradoxos as respostas se tornam mais efetivas e possibilitam desencadear a criatividade, o aprendizado contínuo, a colaboração que levam ao crescimento e a prosperidade organizacional.
Diversidade tem sido apontada como um mecanismo eficaz para lidar com os paradoxos do mundo VUCA. Pois, os times diversos cientificamente tem correlação positiva com o resultado da INOVAÇÃO. O Boston Consulting Group – BCG – entrevistou mais de 1700 empresas em oito países diferentes como (Austria, Brasil, China, França, Alemanha, India, Suíça, e os EUA) em vários setores industriais diferentes em 2017, examinando a diversidade em seis dimensões—gênero, idade, nacionalidade, carreira, experiência profissional em determinada indústrias e educação. Para avaliar a inovação foi identificado o percentual de receita de novos produtos e serviços nos últimos três anos. As empresas que tiveram o nível de diversidade do seu nível de gestores acima da média tiveram a receita de inovação 19 pontos percentuais acima das outras empresas que tiveram o nível de diversidade abaixo da média ( 45% do percentual de receitas de novos produtos em comparação com 26% do receitas). Das seis dimensões analisadas as que menos impactaram o nível de inovação foram idade e educação.
A pesquisa realizada pela McKinsey com 366 empresas públicas (2015 McKinsey report) mostrou que as empresas que privilegiavam a etnia e a diversidade racial no seu quadro de gestores tinham 35% mais probabilidade de apresentar resultados financeiros acima da média da indústria. Além disso, um outro estudo realizado pelo BCG (study) em parceria com a Technical University of Munich mostrou que as empresas que apresentam 20% de mulheres nos níveis de gestão apresentam 10% a mais de receitas de inovação. Estas pesquisas reforçam que a diversidade amplia a percepção dos gestores aumentando a capacidade organizacional de solução de problemas e principalmente, aumenta a resiliência organizacional para conviver com os paradoxos do século XXI.
Por outro lado, a entrega de valor para o consumidor requer um profundo entendimento da jornada do cliente para possibilitar uma experiência diferenciada da solução em relação à concorrência. A menos que a base de consumidores da empresa seja homogênea, a diversidade aumenta a habilidade de enxergar as perspectivas do consumidor com perspectivas totalmente diferentes. Aumentando a possibilidade de maximizar a jornada do consumidor. Se no time de inovação não tiver um representante do mercado a ser atendido, ou que tenha o mesmo background, ou formação, ou interesse ou necessidades semelhantes, muito provável que o time de inovação tenha um ponto cego para identificar as necessidades não-atendidas.
Frans Johansson, em seu livro o Efeito Médici, descreve o fenômeno do renascimento como resultado do investimento feito pela família de Médica ao trazer de toda a Europa para a região de Florença, escultores, pintores, filósofos, inventores e arquitetos. Juntos todas estas mentes desencadearam uma explosão de ideias – uma das eras mais criativas da história da Europa.
Howard Gardner, professor de cognição e educação da Havard Business School, define diversidade em tipos de mindset que serão importantes para construir uma organização bem-sucedida. O primeiro é o mindset disciplinado. Alguém mestre em história, matemática, ciências, direito, medicina, administração ou qualquer outra disciplina, e pela sua dedicação e disciplina atingiu o auge da formação e conhecimento. O segundo é o mindset sintetizador. Alguém adequado para adaptar e melhorar. Avalia e processa informações de uma maneira que faça sentido para todos. O terceiro é o mindset criador. Aquele que abre novos caminhos para o seu negócio. Oferecem novas formas de pensar que impulsionam a produção criativa do seu negócio. O quarto é o mindset social. Aquele com uma sociabilidade intrínseca aprendida com seus pais, amigos e na escola. Alguém que pode ter sido exposto a várias culturas desde tenra idade. Essa pessoa é a cola que mantém o local de trabalho unido e permite que todos trabalhem efetivamente entre si, interna e externamente. Por fim, o quinto é o mindset ético. O altruísta. Diferente da mente respeitosa, o mindset ético é “o espectador imparcial da equipe”. Seu foco está na comunidade. A maioria das pessoas não diria nada se visse um gerente fazendo algo errado ou injusto, porque se preocuparia com a segurança de seu trabalho, certo? Esse tipo de mindset garante que o gerente pague pelas consequências. Ele ou ela age eticamente, independentemente de seu relacionamento com uma pessoa. Você precisa dessa pessoa para manter seus negócios em um estado saudável, equilibrado e justo.
É importante observar que esses mindsets podem ter qualquer tipo de função. Você pode encontrar um contador que tenha um mindset criador ou um gerente de operações que tenha uma mente ética. O tipo de mindset não se aplica apenas ao tipo de função. Do mesmo modo, a diversidade não se aplica apenas às cores da pele, raça, gênero ou formação. O modo como nos desenvolvemos mentalmente tem muito a ver com as experiências e como formamos as nossas memórias que são os filtros que usamos para criar as nossas realidades.
Cinco competências essenciais o mindset do mundo VUCA:
Auto- conhecimento: invista tempo para perceber como VOCÊ pensa. Perceba em que momentos as suas emoções são mais fortes ou quando as suas emoções te impulsionam para reações impulsivas.
Auto-controle – escute mais e seja paciente. Controle a sua vontade de dar uma opinião precipitada. Respire fundo antes de emitir uma opinião que seja emocional.
Curiosidade – interesse pelo diferente, desigual e novo. Abertura a diferentes perspectivas e experiências.
Humildade – reconhecer que existem maneira diferentes de ver o mundo e que todas têm pontos positivos e lições a serem aprendidas.
Resiliência – Errar, aprender e recomeçar continuamente. Saber lidar com o desconforto, conflitos, dilemas e paradoxos que surgem do mundo VUCA.