IMAGINAR NEWSLETTER: EMPATIA PARA INOVAÇÃO

 Você consegue realmente entender as necessidades do seu consumidor? Empatia para inovação.

 

A forma como nos relacionamos é um elemento fundamental para sociedades, famílias e todas as atividades em que estamos envolvidos na vida cotidiana. A empatia é um comportamento social que liga pessoas. Porém, o entendimento neurocientífico para compreender a base neural do comportamento social empático e adaptativo é recente.  Quando observamos os sinais emocionais de outras pessoas, mesmo sem estar fisicamente envolvidos com a ação, ativamos as mesmas regiões cerebrais associadas  com aquele movimento, reação, ou atitude. (Schulte-Rüther et al 2007).

Esta reação automática é chamada de espelho, e foi documentado em uma série de estudos e pesquisas (Lamm et al, 2011; Jackson et al 2006). Este fenômeno é realizados pelos neurônios espelhos, que são células nervosas que são ativadas  quando eu vejo outra pessoas fazendo alguma coisa. É como se a pessoa que observa estivesse efetivamente fazendo a ação. Este neurônios estão localizados na área do córtex pré-motor que decodificam e imitam movimentos. Até o momento, as pesquisas não conseguiram isolar os neurônios espelhos envolvidos na dor ou emoção, porém as evidências são claras da sua existência.

Estudos em animais  podem nos fazer pensar que sentir empatia é um processo puramente automático. Porém, pesquisas mais recentes demonstram que a empatia é um conjunto de habilidades.  E, há evidências de que a empatia pode ser moldada pela experiência e pela cultura. Quando criamos caminhos neurais que se tornam hábitos mentais, estamos moldando as reações automáticas do nosso cérebro. E, é com elas que reagimos empaticamente.

Neurocientistas dos Estados Unidos utilizaram as mais sofisticadas técnicas de ressonância magnética cerebral para tentar descobrir a resposta a esta questão. Eles estavam interessados em encontrar os fundamentos do sentimento da empatia diretamente nos circuitos do cérebro. As imagens dos cérebros dos participantes da pesquisa mostraram padrões similares de atividade neuronal iguais como se fosse a própria pessoa sentindo aquelas emoções. Porém, o estudo mostrou que uma pessoa que nunca experimentou, de fato, um sentimento específico, por exemplo ter uma fobia, quando ela observa este sentimento em outra pessoa ela tem dificuldade em ter empatia por meio do mecanismo chamado “espelhamento”. Pois o espelhamento usa a própria experiência anterior para avaliar o sentimento do outro.

 Empatia é o que um inovador tem de melhor. Se eu olho os melhores produtos criados pela [Microsoft], eles estão associados com a habilidade de reconhecer as necessidades não atendidas ou não articuladas dos nossos consumidores  “(Satya Nadella, CEO da Microsoft)

Nadella,  atual CEO da Microsoft, deixou suas intenções de inovação claras desde o primeiro email que ele enviou a todos funcionários em seu primeiro dia como CEO em fevereiro de 2014. “Capacitar todas as pessoas e todas as organizações do planeta para alcançar mais. ” Seu livro“ Hit Refresh ”, publicado em 2017, enfatizou a empatia como o caminho para atingir esse objetivo. Empatia leva ao entendimento e à colaboração, o que ajuda a inovação a avançar na jornada muitas vezes confusa em direção a produtos úteis. Um exemplo desta cultura da empatia, foi contado por Nadella:  Uma jovem engenheira recém-chegada da Índia para trabalhar nos US, estava tentando manter próximo o contato com a sua família. Usava o Skype uma vez por semana. Mas a conexão da internet onde seus pais moravam não era boa. E, Swetha Machanavajhala, surda de nascença, tinha dificuldade de ler os lábios de seus pais usando o Skype.  Foi desta dificuldade, e desta percepção empática que Swetha integrou ao Skype funcionalidades para minimizar as diferenças entre os times de desenvolvimento.

Pense em algumas das habilidades e atributos não cognitivos específicos que levam a inovações bem-sucedidas – uma compreensão perspicaz do usuário final; conexões colaborativas com colegas em um design integrado; e uma verdadeira abertura ao mundo ao redor.  Como se pode perceber na visão dos inovadores, como Satya  Nadella e outros, uma  habilidade fundamental para os inovadores, é a empatia. Com ela se pode olhar o mundo na perspectiva do outro. A pergunta que inovadoras precisam inserir em seu cotidiano é:  “Como posso, como inovador, ajudar a preencher lacunas e necessidades na vida das pessoas?”

A empatia pode ajudar não só aos outros, como também a nós mesmos. “Ver o mundo conectado no olhar do outro facilita a comunicação, cria laços, fortalece, promove a solidariedade e permite aprender com a experiência do outro”, diz a psicoterapeuta Socorro Leite. Se você deseja se relacionar saudavelmente, precisa aceitar e compreender os sentimentos e emoções das outras pessoas. “Essa conduta nos leva a agir com mais respeito, lealdade, transparência e generosidade. Afinal, todos queremos um mundo mais pacífico, justo, colaborativo e sustentável”, ressalta.

Segundo uma pesquisa da Universidade Estadual de Michigan, nos Estados Unidos, o brasileiro não está entre os povos mais empáticos do mundo. O Brasil ficou em 51º na lista entre 63 países pesquisados, atrás o Equador, Arábia Saudita, Peru, Dinamarca e Emirados Árabes. A boa notícia é que a empatia pode ser aprendida. Graças à maleabilidade dos circuitos neuronais do nosso cérebro, a chamada neuroplasticidade, a empatia e a compaixão nunca são fixas, ou seja, é possível reprogramá-las para que sejamos mais compreensivos em pequenas escolhas no dia a dia.

Algumas dicas para aumentar a sua empatia:

  • Faça um esforço para escutar antes de julgar. É preciso entender as emoções que estão fluindo na conversa. Se colocar no lugar do outro
  • Tente imaginar o que você faria no lugar do outro antes de criticar
  • Não transfira suas frustrações para os que pensam diferente
  • Evite julgar o outro pela sua opinião. Lembrem que julgamos baseados na nossa próprias experiências. Que já têm o nosso viés pessoal.
  • Tenha compreensão e paciência para conviver com quem você não gosta.
  • Respeite a diversidade ela abre espaço para a INOVAÇÃO entrar.