Tico e Teco: como funciona o nosso cérebro
Neurologicamente temos uma capacidade cognitiva infinita. O sistema sensorial humano capta cerca de 11 milhões de bits de informação por segundo. Porém, somente 16 a 50 bits de informação se tornam consciente. Se tentássemos processar toda essa informação enviada pelo sistema sensorial conscientemente daríamos um curto-circuito no nosso cérebro. Por questões energética usamos preferencialmente as informações que já estão armazenadas. É como se o cérebro fosse uma máquina preditiva de curto-prazo. O que está armazenado é um recurso que não consome energia para ser usado. Desta maneira, posso rapidamente tomar uma decisão. Neste processo de predição contínua, que representa mais de 95% da forma como pensamos, fazemos um trade-offentre velocidade e precisão. Porém, estamos direcionando as milhares de decisões que tomamos a todo momento para a mente inconsciente, que responde automaticamente com o conhecimento já armazenado.
A psicologia tem estudado essas duas formas de pensamento há muitas décadas, avaliando o seu impacto nos comportamentos humanos. Kahneman (2011) adotou a nomenclatura que se referem a dois tipos de sistema: sistema 1 e sistema 2. O sistema 1 opera automaticamente e é rápido. Por essa razão, não requer esforço e não usa nenhum tipo de controle voluntário. Esse processamento tem capacidade ilimitada e usa muito pouca energia. É a nossa memória inconsciente. O sistema 2, por outro lado, precisa de atenção e requer esforço. As informações são processadas na nossa memória executiva, que é serial e consome muita energia. O sistema 1 fica ligado continuamente e gera respostas rápidas. Enquanto o sistema 2 é mais lento, consome energia e é acionado pelo sistema de atenção.
Para entender os sistemas 1 e 2, em ação é só se lembrar de quando começou a aprender a dirigir. No começo, você usou intensamente o seu sistema de atenção. Aprendeu a passar marchas, a acelerar, pisar no freio, controlar os pedais ao mesmo tempo que prestava atenção na rua, nos carros do seu lado, nos pedestres, nos sinais. Depois de alguns meses de prática, você já conseguia fazer algumas manobras automaticamente. Foi difícil até este ponto conversar com alguém do seu lado ou até mesmo prestar atenção em um música que tocava no rádio. Anos depois, o ato de dirigir se tornou automático. Nesta etapa é o sistema 1 que conduz por você, liberando-o para conversar ou pensar em qualquer outra coisa enquanto dirige. Se o aprendizado de aprender a dirigir foi prazeroso, este conjunto de informações armazenadas no seu inconsciente gerou uma crença agradável. Dirigir é uma delícia! Se a experiência foi dolorosa a crença gerada foi ruim. Tenho medo de dirigir!
Gosto de brincar com esses dois sistemas e costumo apelidá-los de Tico e Teco. Os dois esquilos do mundo Disney. O Teco é o esquilo atrapalhado. Vive correndo na frente do irmão Tico, faz tudo de maneira rápida e, na maioria das vezes, comete grandes trapalhadas. O Tico, é o mais calmo e vem sempre em auxílio do irmão. O Teco é o nosso sistema 1. O Tico, é o sistema 2, mais calmo, voluntário e entra em ação para socorrer o Teco quando ele precisa. O Tico sempre pode alterar o Teco, mas requer atenção. O sistema cerebral da atenção é compartilhado pelo Tico e pelo Teco. Para usá-lo, é necessário fazer esforço. O Teco usa a velocidade e o Tico usa a precisão que aciona o sistema de atenção e consome muita energia para processar informações.
Os avanços da neurociência têm aberto portas para entendermos o funcionamento do nosso cérebro, como também, desenvolver ferramentas que nos ajudam a conviver e superar o nosso Teco (inconsciente). Hoje, já se sabe que temos neuroplasticidade e neurogênesis. A primeira é a capacidade de gerar novos caminhos neurais, e a segunda é a capacidade de produzir novos neurônios. Estas duas capacidades indicam que podemos não só aprender continuamente como também, superar bloqueios mentais quer sejam emocionais ou físicos, criando novos caminhos neurais com intencionalidade, esforço e disciplina.
Desde 1991, o Instituto HeartMath, centro de pesquisa privado estuda mecanismo para trabalhar com a inteligência coração e cérebro. Enquanto o cérebro emite um campo elétrico com os pensamentos, o coração emite um campo eletromagnético maior que o do cérebro e que é capaz de captar antes do cérebro mudanças no ambiente. Portanto, é o coração que aciona o nosso Teco para que ele reaja rapidamente. O Instituto HeartMath desenvolve mecanismos e tecnologias capazes de guiar as pessoas para atingir o seu potencial emocional, físico e espiritual. Nos ajuda a controlar melhor as nossas reações (Teco) com o aumento da coerência cardíaca que nos ajuda na auto-regulação emocional. Quando se atinge a coerência cardíaca, somos capazes de fazer mudanças químicas no nosso cérebro. Este procedimento muda a nossa forma de pensar, sentir e agir. Este tema será aprofundado nos próximos posts.
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