Yoga ajuda o cérebro de pessoas idosas

 

Para prevenir ou retardar o surgimento da demência, incluindo a doença de Alzheimer, médicos e cientistas recomendam manter a mente ativa. Contudo, isso não significa bombardear o cérebro com jogos e testes de memória, como os que têm aos montes na internet. Uma pesquisa publicada no Journal of Alzheimer’s Disease sugere que ioga e meditação podem ser estratégias mais eficazes para incrementar a função cognitiva do que os tradicionais desafios mentais. E isso em idosos que já apresentam algum comprometimento.

No estudo-piloto, foram recrutadas 25 pessoas com mais de 55 anos, todas com comprometimento cognitivo leve (CCL). “Essa é uma condição que afeta até 20% da população idosa, sendo que indivíduos com o problema têm um risco duas vezes e meia maior de desenvolver todos os tipos de demência. Geralmente, o CCL é um antecessor do Alzheimer”, observa Helen Lavretsky, principal autora do trabalho, e professora do Departamento de Psiquiatria da Universidade da Califórnia em Los Angeles.

Uma pesquisa recente que avaliou o resultado de um programa de oito semanas de hatha yoga em idosos, por exemplo, constatou melhorias significativas na memória de trabalho e na flexibilidade mental. Outro artigo, publicado no Indian Journal of Psychiatry, indicou que moradores de casa de repouso tiveram ganhos em todos os campos cognitivos após seis meses de ioga, comparados ao grupo de controle. “Até agora, porém, nenhum estudo de que temos notícia havia examinado a conectividade funcional do cérebro em seguida a uma intervenção de ioga entre idosos”, afirma a pesquisadora.

As alterações verificadas nos circuitos do cérebro se traduziram em melhorias cognitivas reais: os testes mnemônicos feitos após a prática da técnica milenar confirmaram que os voluntários do grupo de ioga se saíram melhor que os do grupo do treino cerebral. Outro ganho dos praticantes da atividade foi a redução dos sintomas de depressão, um mal comum entre pessoas que sofrem de demência leve e avançada.

Outra pesquisa realizada no Brasil foi a do Instituto do Cérebro do Hospital Israelita Albert Einstein em parceria com a Universidade Federal do ABC e com a Escola de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos.A pesquisa avaliou o cérebro de 42 idosas com condições de saúde, idade e escolaridade semelhantes. Metade das voluntárias fazia yoga há pelo menos oito anos. A outra metade não era adepta da prática.Ao analisar as ressonâncias magnéticas de todas as participantes, os pesquisadores descobriram que as que faziam yoga tinham áreas do cérebro associadas à atenção e à memória mais espessas do que as que não praticavam. A espessura dessas regiões do córtex pré-frontal indicam melhor atividade dessas funções.

(Correio Brasiliense  11/05/2016 06:03 / atualizado em 11/05/2016 08:00  Paloma Oliveto)