Mindset: crenças e descrenças…


Robert Dilts (2014), em seu artigo sobre os níveis neurológicos inspirado em Gregory Bateson (Steps to an Ecology of Mind), define um modelo de como as nossas crenças influenciam e modelam nossas relações e interações com o mundo ao nosso redor. Com o modelo de Dilts começamos a entender como esse intricado mecanismo cérebro, corpo e capacidades funciona e abrimos novas fronteiras para o autoconhecimento, que é o passo inicial da mudança de mindset. Gregory Bateson identificou cinco níveis lógicos de aprendizado ou de autoconhecimento.

Nível 0 – Reação reflexiva comportamental a um estímulo ambiental.

Nível I – Ajuste ou melhora em um comportamento devido a um refinamento de uma representação interna.

Nível II – Mudança em uma abordagem comportamental por causa de uma reinterpretação do contexto.

Nível III – Mudanças em todo o sistema de crenças e valores.

Nível IV – Sair do sistema e migrar para um sistema de sistemas. É necessária uma mudança de identidade.

 

A identidade de uma pessoa é moldada e está refletida no conjunto de crenças e valores. Cada crença e valor, por sua vez, está relacionado com um grupo particular de capacidades. As capacidades estão associadas com determinados comportamentos e, os comportamentos são ligados a um conjunto de condições ambientais.

Neurologicamente, nossas percepções são formadas a partir dos estímulos  que recebemos do AMBIENTE e que são captadas pelos nossos órgãos sensoriais e pelo sistema nervoso periférico. É graças a este sistema que o cérebro e a medula espinhal recebem e enviam as informações permitindo-nos reagir às diferentes situações que têm origem no meio externo ou interno. O COMPORTAMENTO está relacionado especificamente com ações e reações que temos quando nos relacionamos com pessoas e o ambiente. As CAPACIDADES  são as estratégias mentais que possibilitam desenvolver comportamentos específicos. Enquanto alguns comportamentos são respostas reflexivas aos estímulos externos, outras ações não são. VALORES e CRENÇAS estão relacionados com julgamentos e avaliações de nós mesmos, dos outros e do mundo ao nosso redor. É a nossa essência. O porquê. Neurologicamente, as crenças estão ligadas ao sistema límbico e ao hipotálamo.  O sistema límbico está associado com as emoções e a nossa memória de longo-prazo.  Por serem estruturas mais primitivas e mais profundas no nosso cérebro, elas são responsáveis por respostas inconscientes. A IDENTIDADE está relacionada com o nosso sentido de ser. É a percepção de quem somos que organiza as nossas crenças, capacidades e  comportamentos em um único sistema. O nível ESPIRITUAL nos dá o sentido de fazer parte de algo muito maior, mais profundo e que está  além da nossa compreensão

Este sistema intrincado e integrado entre cérebro e corpo indica a dimensão e a intensidade de esforço necessário para fazer mudanças de hábitos mentais. Mudar mindset.   Dói profundamente fazer mudanças na forma como pensamos. Se as crenças que temos sobre nós mesmos e sobre o mundo não forem alteradas não conseguimos mudar capacidades e comportamentos. Pois, segundo a hierarquia de Dilts são as crenças que motivam ou inibem as nossas capacidades e comportamentos.

Como neurologicamente, as nossas crenças estão ligadas ao sistema límbico que é inconsciente, temos um desafio grande. Podemos  perceber o sentimento decorrente da nossa emoção. Porém, não temos controle sobre as emoções.  Para mudar o nosso mindset temos que ter consciência sobre as nossas crenças. O que não é fácil! Para isto, precisamos nos autoconhecer, perceber como pensamos, como nos comportamos e como reagimos a determinados estímulos externos e internos.

O neurobiologist Bruce Lipton compare o nosso inconsciente com um computador. Tudo aquilo que tiver sido gravado pode ser repetido continuamente assim que você apertar uma tecla. E esta tecla, assim como vimos nos níveis de Dilts é acionado pelo estímulo que vem do ambiente. Por exemplo, se estamos esperando por uma pessoa e ela se atrasa, automaticamente acionamos o botão de cenas anteriores, como por exemplo, “ela não virá!”. Algumas pessoas não conseguem perceber estes programas do nosso computador inconsciente. Estas memórias inconscientes foram gravadas ainda muito cedo em nossos vidas. Algumas até durante o período fetal, relativas as experiências que a sua mãe vivenciou durante a gravidez.

Até aproximadamente os cinco ou seis anos de idade, as gravações inconscientes são feitas sem análise ou questionamento, e são oriundas das experiências vivenciadas com os pais, comunidade e dos ambientes onde frequenta. para se ter uma idéia da capacidade do nosso inconsciente, Dr. Bruce Lipton em seu livro a Biologia da Crença, afirma que a memória insconsciente processa algo em torno de 20.000.000 bits de informação por segundo. Enquanto o consciente, processa algo em torno de 40 bits por segundo. Ou seja, o inconsciente tem a capacidade de processar 500.000 vezes mais que o nosso consciente. Esta conta matemática já demonstra claramente a origem do nosso pensamento, ou a origem de quem realmente somos: seres inconsciente com pretensão de sermos consciente!!!