coerência cardíaca
O coração tem sido considerado a fonte da emoção, coragem e sabedoria por muito séculos. O efeito da atividade do coração nas funções cerebrais tem sido objeto de pesquisa nos últimos 40 anos. Nos últimos 25 anos as pesquisas exploraram os mecanismos fisiológicos pelos quais coração e cérebro comunicam e como a atividade do coração influencia a percepção, emoção, intuição e a saúde. O aprofundamento do entendimento da influência do coração no desempenho cerebral permitiram entender como o impacto das emoções relacionadas com o estresse afetavam a atividade do sistema nervoso autônomo (ANS) e o sistema imunológico e hormonal. As pesquisas usaram diferentes padrões de medidas como o eletrocardiograma (ECG), eletroencefalograma (EEG), pressão arterial (BP), níveis hormonais para identificar qual padrão seria mais consistente. Entretanto, foi a variabilidade do batimento cardíaco, conhecido como HRV é que demonstrou maior consistência e direcionamento para os desenvolvimentos futuros.
Diferentes padrões da atividade do coração decorrentes de diferentes estados emocionais têm efeitos distintos nas funções cognitivas e emocionais. Emoções estressantes tais como frustração, angústia, raiva, aumentam a desordem nos centros de processamento superior do cérebro e no sistema nervoso autônomo, influenciando por consequência, todos os sistemas do corpo humano. As observações demonstraram que o coração parecia ter um sistema próprio que influenciava significativamente como o ambiente era percebido pelas pessoas nas suas interações cotidiana. Era como se o coração afetasse a consciência a percepção e a inteligência humana. Hoje, estes conhecimentos estão consolidados e já se sabe como e porquê as atividades do coração afetam a atividades mentais, criatividade, equilíbrio emocional, intuição e a efetividade pessoal.
O coração tem funções muito mais complexas e primordiais que simplesmente bombear o sangue. Na verdade, o coração é um centro de processamento de informação, com seu próprio sistema nervoso, formado por aproximadamente 40 mil neurônios, que comunica e influencia o cérebro por meio de quatro grandes sistemas: neurológico (impulsos nervosos), bioquímico (via hormônios e neurotransmissores), biofísico (pulsação) e energético ( interações do campo eletromagnético). Durante períodos de estresse ou de emoções negativas, quando o ritmo cardíaco é desordenado, os sinais neurais correspondentes são enviados do coração para o cérebro inibindo as funções cognitivas de ordem superior – pensar, lembrar, aprender, raciocinar e decidir. Por outro lado, quando os padrões cardíacos são ordenados e estáveis, a influência no cérebro são opostas, facilitando e reforçando a estabilidade emocional positiva.
Um coração saudável não é como um metrônomo. As oscilações de um coração saudável são complexas e não-lineares. A frequência cardíaca é o número de batimentos cardíacos por minuto. A variabilidade da frequência cardíaca (HRV) é a flutuação nos intervalos de tempo entre batimentos cardíacos adjacentes como mostra a figura abaixo.
Na figura acima pode-se observar 3 batimentos cardíacos captados pelo eletrocardiograma (ECG) 70, 76 e 83 batidas por minuto (BPM). Esta variação ocorre devido a ação sinergética existente entre os dois ramos do sistema nervoso autônomo (ANS) : sistema simpático e o parassimpático. do sistema nervoso autônomo. Um nível ótimo de HRV está associado à saúde e auto-capacidade reguladora, adaptabilidade ou resiliência.
Em geral, o estresse emocional, incluindo as emoções como raiva, frustração e ansiedade impulsionam ritmos erráticos e irregulares no coração. O HRV apresenta um formato de onda desregulado com picos e vales desordenados. Os cientistas denominaram este tipo de formato como incoerente. Fisiologicamente, este padrão incoerente sinaliza a falta de balanceamento entre os sistemas simpático e parassimpático, ou seja os dois sistemas estão fora de sincronia. Em contraste, quando as emoções são positivas – alegria, contentamento e amor , o ritmo cardíaco é ordenado e harmonioso. Este tipo de padrão é denominado de coerência cardíaca. Os dois sistemas do ANS estão sincronizados ajudando o organismo a melhorar o seu funcionamento. Os gráficos abaixo ilustram os ritmos cardíacos de coerência e incoerência tipicamente observados quando as emoções são positivas ou negativas. Importante observar que nas duas figuras o número de variabilidade cardíaca (HRV) é o mesmo, porém o padrão do formato das ondas são diferentes.
O estado de coerência é caracterizado pela ordem e harmonia dos sistemas psicológicos (emocional e mental) e fisiológico (corpo). As pesquisa indicam que quando se acessa este estado os sistemas fisiológicos funcionam mais eficientemente e experimentamos maior estabilidade emocional com aumento da clareza mental e melhora dos processos cognitivos. É importante notar que o estado de coerência é distinto do estado adquirido nas práticas de relaxamento. No nível fisiológico, o relaxamento é caracterizado pela redução no fluxo do sistema nervoso autonômico (resulta em um HRV menor) com um aumento na atividade do sistema nervoso parassimpático. A coerência também está associada com um aumento na atividade do sistema parassimpático, porém o sistema oscila na sua frequência natural e com crescente sintonia entre sistema nervoso e a dinâmica entre coração e cérebro.
As práticas e ferramentas desenvolvidas pelo Instituto HeartMath, já permitem identificar o nível de estresse pessoal ou organizacional e implantar um processo de recuperação da coerência cardíaca pessoal e organizacional para atingir melhores níveis de desempenho pessoal e emocional.
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